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Um cão caçador de trufas precisa de ter bom faro! Só assim consegue farejar os preciosos fungos que nascem debaixo da terra e indicá-los ao dono. Mas que outros requisitos são necessários para um cão se tornar um bom caçador de trufas? Existirão raças de cães mais indicadas para este trabalho? E em que consiste o treino?
As trufas são consideradas uma iguaria e são muito raras. Pratos com autênticas trufas brancas ou negras são caríssimos em bons restaurantes. Trufas de alta qualidade crescem em França, em Périgord, no norte da Provença (regiões Drôme e Vaucluse) e em Itália, em Piemont e no norte dos Apeninos, na zona de Bolonha. O oeste da Austrália, mais exatamente na região de Manjimup, é uma zona privilegiada de trufas negras, ou tuber melanosporum. Ao contrário de muitos outros tipos de cogumelos, as trufas pertencem aos ascomicetos subterrâneos – em simbiose com determinadas espécies de arbustos ou de árvores.
Os humanos não conseguem detetar o delicado cheiro das trufas através da terra. Então, há vários séculos que são utilizados animais cujo olfato é bem melhor do que o nosso, ajudando-nos a encontrar este tesouro subterrâneo. Se no passado eram sobretudo usados porcos domésticos fêmea, desde o final do século XIX que são preferidos os cães. Ao contrário dos porcos, os cães agem com bastante cuidado e destreza. Ao descobrirem uma trufa, fazem um curto barulho ou esgravatam cautelosamente a área por debaixo da qual se esconde o cogumelo. Os porcos, por outro lado, sulcam literalmente o solo. Acabam muitas vezes por destruir os filamentos dos fungos, impedindo que as trufas se continuem a reproduzir. É por esta razão que em 1982 os porcos foram banidos da caça às trufas em Itália.
Por princípio, todos os cães podem ser caçadores de trufas, independentemente da origem ou da raça. Desde que suficientemente ativos e curiosos epara esta função, também os cães rafeiros a podem desempenhar, seja em bosques ou plantação própria. Evidentemente, a predisposição de cada cão tem um papel muito importante no treino. Se alguns cães já entenderam os princípios básicos após algumas semanas de treino, para outros pode ser bem mais difícil e árduo.
Na verdade, os especialistas em trufas têm preferência por certas raças de cães. O primeiro lugar é ocupado pela raça italiana Lagotto Romagnolo. Estes cães são especialmente bem-sucedidos na caça à trufa graças ao seu olfato bem apurado e à sua personalidade alegre e perspicaz. Mas também outras raças de cães de caça ou do grupo dos levantadores e cobradores, se podem tornar habilidosos caçadores de trufas. É o caso dos labrador retriever.
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A caça às trufas com cães tem uma longa história em Itália, país de origem do Lagotto Romagnolo. Em 1880, é fundada por Antonio Monchiero a Università dei cani da tartufo. Seria um centro de formação para cães caçadores de trufas, em Roddi, na região de Piemonte. Esta instituição, ainda hoje propriedade familiar, foi oficialmente reconhecida em 1935. É agora a mais antiga e prestigiada escola para o treino de cães caçadores de trufas. A formação básica na Università dei cani da tartufo dura entre 15 a 20 dias. De acordo com os peritos italianos, a formação completa tem a duração de três a quatro anos.
A caça à trufa com cães já não se limita aos territórios de trufas franceses e italianos. Também noutros países europeus e nas restantes regiões de França e Itália há cada vez mais quem se entusiasme por este hobby tão especial. E já não são apenas os apreciadores da cozinha gourmet! De facto, são muitos os donos que procuram uma ocupação útil para os seus patudos. A oferta de oportunidades de formação para cães caçadores de trufas é atualmente vasta. Além de associações e clubes especializados, algumas escolas para cães e treinadores de cães privados também oferecem formação na área.
Por fim, são várias as plataformas online que disponibilizam vídeos de treino para compra. O objetivo é ensinar o seu próprio cão a procurar trufas em casa. Porém, podem ser bastante cansativos para principiantes e requerem não só tempo como conhecimento especializado. Prefere treinar com pessoas com o mesmo interesse e trocar ideias acerca dos primeiros sucessos do seu patudo? Então, contacte uma associação ou escola para cães.
Regra geral, as aulas e cursos referentes à formação de um cão caçador de trufas dividem-se em duas partes: teórica e prática. A primeira é direcionada aos donos e a segunda aos cães. Os donos aprendem sobre estes fungos, isto é, quantos tipos existem, onde se podem encontrar e como as reconhecer, além das disposições legais em relação à caça à trufa. Por outro lado, os cães são condicionados ao cheiro das trufas. Devem associar este cheiro a algo positivo – seja o seu local para dormir favorito ou a um muito desejado snack, disponível assim que detetado o cheiro da trufa.
Durante o treino são normalmente usados manequins, como pequenos pedaços de madeira humedecidos com óleo de trufas. Por vezes, são também utilizadas trufas a sério, dentro de recipientes ou sacos. O objetivo é que o cão os detete e devolva. Se detetarem o rasto recebem uma recompensa – uma guloseima ou uma carícia. A busca vai-se tornando gradualmente mais difícil e a distância é aumentada até os manequins estarem enterrados entre 10 a 20 cm de profundidade. É esse o local onde as trufas crescem naturalmente. Por fim, com recurso ao princípio do reforço positivo, é ensinado ao animal como deve agir ao encontrar trufas.
Cães caçadores de trufas bem treinados conseguem, apenas pela qualidade do solo, perceber se devem indicar o local ao dono através de sons ou escavar até onde se encontra o fungo. Quando o solo é macio, estes conseguem escavar cuidadosamente até ao tubérculo da trufa e levá-lo ao dono com a boca. Evidentemente, para tal é necessária muita prática.
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No melhor dos casos, o cão está preparado para trabalhar como caçador de trufas ainda enquanto cachorro. Alguns treinadores de cães caçadores de trufas dão início à formação pouco tempo depois de os animais nascerem. Esfregam ligeiramente o pelo da progenitora com trufa, por exemplo. Deste modo, os cachorros irão associar o cheiro das trufas à mãe e à agradável sensação da amamentação. Entre os três e quatro meses tem início o treino com os recipientes ou manequins, que devem ser escondidos e devolvidos. Com alguma prática e talento, alguns cães podem ir na sua primeira caça à trufa aos seis meses.
Porém, também cães mais velhos podem aprender estas funções. Pode apenas ser necessário mais tempo e paciência até que interiorizem o que se pretende deles. Mesmo em idades mais avançadas, a maioria dos cães diverte-se imenso a aprender coisas novas e a sentir-se útil. Sobretudo raças de cães originalmente criadas como de trabalho encontram uma ocupação importante na caça às trufas e no treino que a antecede. Cães dinâmicos são bem-sucedidos após algumas semanas de formação. O verdadeiro nível de talento de um cão e a possibilidade de se tornar um profissional da caça à trufa são aspetos que só se tornam evidentes cerca de meio ano depois.
Existem profissionais e criadores que disponibilizam cães caçadores de trufas já treinados. Um cão caçador de trufas adequadamente treinado pode ultrapassar os 2500 euros. Porém, a compra de um cão adulto e treinado deve ser reservada a profissionais que saem diariamente para a caça à trufa, seja nos bosques ou em plantações próprias. Se a caça à trufa é apenas um hobby é preferível recorrer a cursos e seminários para aprender este ofício. Afinal, o sucesso da caça à trufa também depende da interação habilidosa entre a pessoa e o animal. Muitas sessões de treino visam também que dono e cão aprendam a coordenar-se e a confiar um no outro. Por outras palavras, são competências que tem efeitos positivos não só na caça à trufa como no vosso dia a dia. Deste modo, o treino para cão caçador de trufas é recomendado em vários sentidos.
