Cães potencialmente perigosos – Saiba quais são as raças
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Nenhum cão nasce perigoso – são as pessoas que o influenciam. Na verdade, até um dachshund pode ser educado para ser agressivo; naturalmente, a mordida de um animal desta raça provoca menos danos do que a de um cão com uma mandíbula grande e forte.
Sumário
O Rottweiler, tal como o American Staffordshire, é, por natureza, um cão meigo e tranquilo. Em mãos experientes, estes animais mantêm-se descontraídos e não demonstram agressividade. No entanto, os ataques de rottweiler a pessoas, incluindo crianças, têm vindo a desprestigiar a raça, muito popular entre os nobres do século XIX, momento em que as suas tarefas consistiam em guiar e vigiar o gado. Atualmente, já não desempenham esse tipo de atividade, sendo, desde os primeiros anos do século XX, famosos e reconhecidos como cães-policia e com fins militares.
Carácter dos cães potencialmente perigosos
À semelhança dos humanos, por trás duma impressionante exibição de musculatura pode estar um canino sensível e manso – se for ensinado nesse sentido. É bastante semelhante à educação dum ser humano. Se os pais ensinarem ao filho que está a ser um “covarde” só porque mostra o seu lado delicado e dócil, estarão a estimular nele o seu lado hostil e a criança, infelizmente, vai contrariar a sua natureza branda e sensível. Quando assim é, a criança não tem culpa, tal como acontece com o cão que é “programado” para ser mais “duro”.
Os cães procuram comportar-se de acordo com as normas do grupo. Os lobos aprendem que, ao não se comportarem segundo o código da alcateia, são expulsos. O mesmo se passa com os cães, na sua matilha, sendo que esta, neste caso, pode ser uma família com crianças.
As associações protetores do bem-estar dos animais pretendem assegurar-se que uma família que adote um cão potencialmente perigoso tenha em conta as suas necessidades particulares. O importante é que o cão se porte de forma exemplar e não ataque pessoas nem outros animais. Além disso, é fundamental o animal sentir-se confortável no seu novo lar, para que nunca mais tenha de regressar à associação nem ao canil de onde veio.
Cães de guarda vs cães potencialmente perigosos
O termo “cão de guarda”, quando comparado com cão de luta, entende-se como referindo um cão com forte instinto protetor e comportamento territorial. À categoria dos cães de guarda pertence o Kangal, de origem turca. Originalmente, a sua função era proteger grandes rebanhos dos ataques de lobos. Uma vez que agora já não exerce essa função, este cão necessita de encontrar uma alternativa de manifestar esse instinto de forma diferente.
A sua família é a sua matilha e, em caso de hipotética ameaça, defende-a como tal. Apesar disso, se o kangal receber uma educação consistente, e tiver oportunidade de libertar energias, ocupação em doses suficientes e cuidados adequados, é um cão de família inofensivo e carinhoso.
Raças potencialmente perigosas
- Pit bull terrier
- Staffordshire bull terrier
- American staffordshire terrier
- Rottweiler
- Dogue argentino
- Cão de fila brasileiro
- Tosa inu
Estas são as raças de cães potencialmente perigosos em Portugal, incluindo os seus cruzamentos, de acordo com a legislação em vigor.
Licença para cães potencialmente perigosos
Para ser detentor de um cão de raça potencialmente perigosa é necessário obter uma licença. Para tal, devem cumprir-se alguns requisitos:
- Ter mais de 16 anos;
- Termo de responsabilidade;
- Certificado do registo criminal;
- Seguro de responsabilidade civil;
- Comprovativo de esterilização (quando aplicável);
- Boletim sanitário atualizado (a comprovar, em especial, a vacinação antirrábica);
- Comprovativo de aprovação em formação para a detenção de cães perigosos ou potencialmente perigosos.
Raças consideradas perigosas noutros países
Entre investigadores, especialistas e amantes da espécie parece não haver consenso para a definição das raças de cães mais perigosas do mundo. Algumas raças encontram-se proibidas em diversos países em consequência de ataques frequentes a pessoas. Não é permitida a sua criação nem a venda. Aqui ficam algumas:
- O Buldogue Americano é uma raça proibida na Dinamarca, Singapura e em mais alguns países. Esta raça é originária do Sul dos Estados Unidos da América e era usada na caça ao javali. Uma das características desta raça é ter extrema resistência à dor.
- O termo “Bandog” refere-se a cães de porte grande usados na Idade Média com a função de proteger propriedade privada. Hoje a designação “Bandog” refere-se ao cruzamento de Pitbull Terrier Americano com outras espécies derivadas do Mastiff inglês. O “Bandog” está proibido em todos os países onde são também proibidas as raças que lhe dão origem.
- O Mastim Napolitano era antigamente usado em Itália por legiões romanas nas sangrentas lutas de gladiadores, no Coliseu, era considerado um cão de guerra. Hoje, a raça ainda é usada, principalmente onde é necessário proteger propriedade privada. O Mastim está proibido em Singapura como animal doméstico/de companhia. Na Roménia pode ser mantido em casa, desde que o dono tenha em sua posse um certificado específico que confirme a sanidade mental do cão. Esta raça está proibida nas Bermudas, Ucrânia, Bielorrússia e Singapura.
- O Cão-Lobo é resultado do cruzamento de Pastor Alemão, Lobo dos Cárpatos e Cão-Lobo de Saarloos. O comportamento desta raça é considerado imprevisível. Dependendo da situação – e da educação – tanto pode reagir como um animal de estimação adestrado ou como um animal selvagem. Infelizmente, há registo de inúmeros casos em que atacaram pessoas, nomeadamente crianças pequenas. Por este motivo, na Noruega esta raça não é permitida.
- O Boerboel, que designa um cão de quinta, é oriundo da África do Sul e foi criado a partir de cães autóctones e cães de guarda. É um excelente cão de guarda, adora crianças e, por natureza, não é classificado como agressivo. No entanto, a raça é proibida devido a incidentes graves que ocorreram na Dinamarca.
- O Dogue Argentino é descendente do cão de luta da Córdova e de outros cães de luta, como é o caso do Dogue alemão. Era usado sobretudo na caça de girafas e pumas. É uma raça proibida em, pelo menos, dez países entre os quais Austrália, Nova Zelândia e Portugal.
- O Dogue Canário é oriundo das Ilhas Canárias, como o próprio nome indica. Em 2001 uma pessoa foi atacada na sua própria casa por um cão desta raça e, consequentemente, não resistiu ao ataque e morreu. O proprietário do cão foi acusado de homicídio e condenado a uma pena de prisão. A raça é proibida na Nova Zelândia e Austrália.
A educação de cães potencialmente perigosos
Para educar um cão de luta é importante que ele frequente uma escola para cães. Aí encontra profissionais qualificados para lidar com estas raças perigosas e para lhe transmitir as indicações adequadas sobre como lidar com o seu cão.
Por exemplo, como se deve ensinar um Pitbull Terrier de forma a que ele mantenha os seus instintos de cão de guarda e protetor, mas que seja em simultâneo um cão que vive com uma família, sem representar perigo?
Em primeiro lugar, deve ter consciência que os cães de luta têm uma enorme força e resistência e precisam de levar um estilo de vida que faça justiça a essas características. Como tal, eles precisam de muito exercício, longas caminhadas e muitas atividades para estarem sempre ocupados. Esta estratégia, só por si, evita comportamentos agressivos, os quais podem surgir se o cão estiver demasiado “disponível”. Entre outro tipo de exercícios, é importante treinar o cão sem trela.
Isso reforça o vínculo que se estabelece, bem como as possibilidades de controlo. E este exercício tem resultados positivos, mesmo quando o cão está a usar trela. Conseguirá influenciar de forma mais ativa o comportamento do cão, se treinar com ele sem trela.
Caso não tenha experiência de treino com cães potencialmente perigosos, este é um desafio demasiado arriscado para começar. Recomendamos, por isso, que experimente com cães de outras raças, como por exemplo Labrador ou Golden Retriever, ou um cão cruzado duma associação protetora de animais. Um dono de cães sem experiência corre o risco de repreender o cão de forma excessiva, se este não conhece um determinado comando e, consequentemente, desobedece. Por outro lado, um dono experiente sabe como despertar vínculos afetivos num cão potencialmente perigoso, como resultado duma educação adequada.
O que é importante, em qualquer caso, é desenvolver uma ligação saudável entre cão e dono. É essencial habituar o cão a diversos ambientes e estímulos, a outras pessoas e a outros animais. Um cão tranquilo e sereno não representa uma ameaça no espaço onde se movimenta! No caso dos cães potencialmente perigosos, isto é especialmente importante devido à sua envergadura. As palavras mágicas para educar um cão deste tipo são: afeto e consistência. O ideal é que traga o animal para sua casa enquanto ele ainda é cachorro. Quanto mais cedo começar a sua educação, maiores serão as hipóteses do cão manter a sua natureza mansa e amigável. Deve sempre evitar um treino com base na punição, repreensão e austeridade. Tal “educação” assente em sanções provoca um estado de ansiedade permanente no animal – e isto pode favorecer fortemente o comportamento agressivo.
No entanto, um cão potencialmente perigoso também precisa de muito amor, porém isso não significa que deve mimá-lo a todo o momento. A educação com base em amor encontra expressão em regras claras, comandos precisos e consistência. Só assim o cão se vai sentir seguro e protegido. Por sua vez, essa também vai ser a melhor forma de deixar aflorar completamente o espírito gentil e amigável do seu cão. E, então, ele vai poder ter uma vida tranquila e feliz ao seu lado.
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