Fila brasileiro
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Este cão de caça sul-americano, também conhecido como mastim brasileiro, está claramente relacionado com o cão de caça e o mastim. Com experiência, liderança clara e firme, e muito espaço, o fila brasileiro será um amigo leal e independente.
Sumário
Aspeto
Com um peso superior a 50 kg nos machos e uma altura ao garrote entre os 65 e 75 cm, é óbvio à primeira vista que o fila brasileiro é um desportista e um típico molosso. A pele com rugas e o focinho comprido são comuns aos mastins e aos cães de caça. Os especialistas chamam às rugas caraterísticas do pescoço “papada”. As fêmeas diferem dos machos não só pelo seu tamanho mais pequeno, mas também pela sua constituição mais esguia. As orelhas deste cão são em forma de V e pendentes. O pelo curto deve ser de uma só cor ou tigrado, sendo permitidas pequenas marcas brancas.
História do fila brasileiro
Os antepassados do fila brasileiro chegaram à América do Sul com os europeus. No Brasil, a raça evoluiu gradualmente a partir do cruzamento de diferentes cães com cães de caça. A utilização prevista para estes animais foi o principal fator nos primeiros trabalhos de criação. A caça de grandes presas e a guarda de casas eram as áreas de atividade deste corajoso cão. A raça também provou a sua eficácia enquanto cão pastor e cão de guarda ao longo dos anos. Infelizmente, os antepassados do fila brasileiro também foram usados para reprimir a população indígena. Na época colonial, eram usados para vigiar as plantações de escravos e fazer regressar os escravos fugidos.
A criação seletiva da raça com um padrão visual começou em 1948. Em 1954, os primeiros exemplares chegaram à Europa, onde gozam de uma certa popularidade desde a década de 1970. O trabalho de criação europeu teve lugar principalmente na Alemanha e na Áustria. Na sua terra natal, o fila brasileiro é um cão de família muito popular, cuja lealdade é proverbial.
Carácter
A história do fila brasileiro é indício das suas características de personalidade: ele é confiante, corajoso e muito territorial. A maioria dos cães tem tendência a querer sempre assumir o controlo da situação. Portanto, para guiar este cão é necessária muita perseverança e um grande conhecimento. Este extraordinário cão de guarda é sempre muito cauteloso com os estranhos. O seu ladrar profundo reforça a sua aparência imponente. Como o fila brasileiro tende a ser agressivo com outros cães, a socialização precoce é indispensável. Duro por fora, terno por dentro: esta raça é super carinhosa e muito sensível a tudo o que afeta as suas pessoas de referência. Protegê-las-á a todo o custo. O excelente olfato deste caçador não deixa escapar um odor, mas cuidado: ele vai segui-lo com demasiado afinco.
Treino do fila brasileiro
Conhecimentos e perseverança: estas caraterísticas não podem faltar a quem pensa em adotar um fila brasileiro. Quando chegar à casa do dono, o cão deve ser submetido a uma socialização completa para o preparar para o futuro. Leve-o à escola de cachorros e cães adultos para conhecer muitos cães e praticar as suas capacidades sociais. Seja coerente desde o início e impeça-o de fazer o que não deve fazer enquanto adulto, tal como saltar para cima das pessoas. Considere a força e a velocidade deste cão. Lembre-se que esta combinação supera-o a si fisicamente, e é por isso que um treino impecável é tão importante. O fila brasileiro torna-se adulto relativamente tarde, como todos os molossos. A puberdade é, portanto, um período bastante prolongado. Um tom de voz claro, sem qualquer tipo de violência, fará com que se torne num cão sociável e digno de confiança, mesmo não se tratando de um animal “fácil”.
Saúde
Como muitos cães de grande porte, o fila brasileiro é propenso à displasia da anca. Também pode desenvolver displasia do cotovelo, embora com menor frequência. Portanto, ao comprar o cachorro, deve informar-se sobre os exames relevantes dos pais, que devem ser entregues por escrito. Um rastreio adequado pode reduzir consideravelmente o risco. Certifique-se de que o peludo mantém a sua forma. O excesso de peso é mau para as articulações e pode agravar os problemas existentes. O mastim brasileiro deve também descansar depois de comer para evitar o risco da perigosa torção gástrica, que afeta particularmente as raças de grande porte. É preferível que ele coma depois de um passeio e que durma uma sesta para fazer a digestão. Fora isso, o fila brasileiro é um cão robusto. Com exercício e uma dieta adequada à espécie, pode viver até aos onze anos.
Alimentação
Já referimos a importância de uma boa alimentação. Então, o que deve comer o fila brasileiro? É importante que a percentagem de carne seja elevada e que esta esteja no topo da lista de ingredientes. Os cereais de baixo valor nutricional, como o trigo, não devem estar presentes num alimento de qualidade. Uma lista clara dos ingredientes ajudá-lo-á a avaliar a qualidade dos alimentos. Por exemplo, se num alimento da variedade frango aparecer o seguinte: “carne e subprodutos animais, dos quais 4 % de frango”, convém saber o que constitui os restantes 96%. Com alimentos de boa qualidade, não terá dúvidas quanto a isso.
Se decidir alimentar o seu cão com ração ou com uma dieta mista à base de ração e comida húmida procure variedades especiais para raças de grande porte. Aqui, o tamanho dos croquetes e a composição nutricional são perfeitamente adaptados ao animal. O teor de proteínas deve ser mais baixo nos alimentos para cachorros do que nos alimentos para adultos. Para complementar, pode dar-lhe ossos ou artigos secos para mastigar regularmente. Quanto a guloseimas, certifique-se de que o peludo mantém a sua forma e evite os snacks com cereais e açúcar. Por exemplo, uma boa opção são a carne bovina desidratada ou crua e os snacks dentários, como tiras para mastigar.
Cuidados
O pelo curto deste cão é fácil de cuidar. Escovar com uma escova ou uma luva com ponta de borracha uma ou duas vezes por semana é suficiente. Se quiser reduzir a quantidade de pelos que acabam em casa, faça-o com maior frequência. As massagens com as luvas são um prazer relaxante para estes peludos e reforçam o vosso vínculo. Dê-lhe banho apenas em casos de emergência com um champô suave para cães. No geral, a sujidade pode ser escovada do pelo quando este está seco. No verão, o fila brasileiro gosta de dar um mergulho para favorecer a limpeza do pelo. Limpe os ouvidos sensíveis apenas com um produto auricular especial. Se as unhas crescerem demasiado, corte-as curtas para evitar que se prendam e magoem. Pode fazê-lo você mesmo com um corta-unhas. Em caso de dúvida, leve-o ao veterinário para saber qual a melhor forma de o fazer.
Desporto
O fila brasileiro precisa obrigatoriamente de exercício físico e mental. Está apto para muitos desportos caninos, tais como o rastreio, o mantrailing ou os desportos de tiro com recurso a cães. O treino deve começar na idade adulta para não prejudicar o sistema locomotor em fase de crescimento. Devido ao seu grande peso, os desportos com muitos saltos não são os mais adequados. Evite o treino para cães de proteção. Já faz parte da sua natureza proteger até à morte as suas pessoas de referência. A concentração nesta caraterística pode, portanto, ser bastante desfavorável.
Quem é o cuidador ideal do fila brasileiro?
Esta raça é adequada para pessoas com experiência e muito espaço. O ideal seria proporcionar-lhe um terreno para vigiar e um vínculo familiar. Antes da chegada do cão, informe-se se existem condições associadas à posse desta raça na sua região. Em Portugal, o fila brasileiro faz parte da lista de cães potencialmente perigosos. Só se dá bem com gatos se tiver sido socializado com eles desde cachorro. Nesse caso, cão e gato podem tornar-se melhores amigos, o que não significa que o fila brasileiro não vá perseguir gatos da rua sempre que tiver a oportunidade. Se tem um jardim, este deve ser protegido contra fugas. Seja claro sobre quem tomará conta deste cão territorial e apegado durante as férias ou em caso de doença. Se não quiser ou não puder levá-lo numa viagem, o ideal será que fique com uma pessoa de confiança e experiente.
Adoção de um fila brasileiro
Antes de decidir adotar um fila brasileiro, considere os custos associados ao novo membro da família. Estes são os gastos iniciais: além do preço de compra do cachorro a um criador responsável e filiado numa associação (o que é obrigatório para quem gosta da raça), é também necessário comprar o equipamento básico. Como especialista em cães, provavelmente já tem algumas coisas em casa. Para um mastim brasileiro, os comedouros em aço inoxidável com altura regulável são ideais porque se adaptam ao seu tamanho. Assim, o molosso adulto pode banquetear-se à vontade.
Quando comprar as mantas, camas e o transportador para o carro, pense no tamanho que o seu peludo vai atingir. Compre uma coleira ou arnês adequado para o cachorro e considere se, além de uma trela normal, também precisará de trelas especiais para o treino, como uma trela de seguimento. Também deve ter utensílios de cuidados em casa. Estes incluem escovas, luvas com ponta de borracha, pinças para tirar carraças, corta-unhas, produtos de higiene auricular e um champô canino suave. Após os primeiros investimentos, vêm as despesas regulares: visitas ao veterinário para vacinação e controlo, seguro de responsabilidade civil e alimentação de qualidade para cães de 50 kg. Considere antecipadamente todas estas despesas, que serão inevitáveis nos próximos anos.
Onde posso encontrar um fila brasileiro?
Decidiu adotar um fila brasileiro? Ótimo! No entanto, poderá ter de ser paciente porque há poucos criadores desta raça sul-americana na Europa. Assim, não terá muitos cachorros por onde escolher. Isto não significa que tenha de baixar a fasquia para um animal com um certificado de pedigree de um criador sério que tenha em conta o seu tipo, caráter e saúde.
Pode contactar as associações de molossos, que o poderão aconselhar muito bem sobre as pequenas mas claras diferenças entre as diferentes raças. Depois pode decidir optar por um dogue de Bordéus ou um mastim se não conseguir encontrar nenhum criador de fila brasileiro na sua área. Seja qual for a raça do seu cachorro, ele não irá consigo antes das oito semanas de vida. Nessa altura, terá o chip, o certificado de ascendência e um cartão europeu de vacinação. Pense em vacinas de reforço e pergunte ao seu veterinário sobre a frequência da desparasitação.
Se quiser adotar um cão adulto, consulte os abrigos para animais. A probabilidade de encontrar um fila brasileiro sem abrigo aqui é muito baixa, pois há muito poucos exemplares na Europa, mas pode encontrar cães muito semelhantes. O que é claro é que, para manter estes animais, também é necessária alguma experiência. A instituição em questão poderá aconselhá-lo(a) muito bem para saber se você e o seu potencial novo companheiro de casa podem formar uma boa equipa.