Rafeiro Alentejano
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Grande, pesado e volumoso: o Rafeiro Alentejano é, sem dúvida, uma visão imponente. Como cão de pastoreio que é, ele protege o rebanho de forma autónoma e fiável. Por outro lado, é menos adequado como companheiro puro e cão da família.
Sumário
- Personalidade
- Ter um cão que protege o rebanho como cão de família, será que funciona?
- Educação entre o rigor e a liberdade
- Características físicas
- Estrutura física sólida
- Pelo denso em vários tons
- História
- Cão guardador de rebanho e símbolo de status
- Salvo da extinção
- Criação e difusão atual
- O que é preciso ter em conta antes de adquirir um Rafeiro Alentejano
- Saúde e esperança de vida
- A alimentação do Rafeiro Alentejano
- Necessidades nutritivas individuais a considerar
- Cuidados
- Comportamento e educação
- Excelente cão de pastoreio e destemido guardião
- Adequado apenas para donos experientes
Personalidade
À noite, o Rafeiro Alentejano está na sua melhor forma: nada escapa ao seu olhar atento, ao bom olfato e à excelente audição. Quem se atrever a entrar em seu território é colocado “em sentido” sem aviso prévio e, se necessário, é atacado. Os pastores que tenham um Rafeiro Alentejano, já não precisam de temer ladrões de gado ou animais furtivos.
Ter um cão que protege o rebanho como cão de família, será que funciona?
Pensar que um Rafeiro Alentejano pode ser um cão puramente amoroso, cuja única tarefa é acompanhar e proteger a família, é completamente desajustado. Embora ele seja fiel à sua família e sempre leal ao seu lado, a sua agudeza inata é difícil de controlar, mesmo com uma educação consistente. Afinal, o inteligente e firme Rafeiro está habituado a trabalhar e agir de forma autónoma. Também por isso, a disciplina e obediência não estão entre os seus pontos fortes.
Educação entre o rigor e a liberdade
Se quiser ter um Rafeiro Alentejano, é importante que tenha uma área grande para lhe oferecer, onde ele possa exercer a sua capacidade de vigilância e proteção para viver realmente feliz. Mas isso não significa que deva permitir tudo a este cão. Um dono responsável socializa e educa o cão desde o início. É preciso mostrar com clareza quem manda e onde estão os limites. Porém, ao mesmo tempo o dono também tem que aceitar que este patudo precisa da sua liberdade. Um Rafeiro Alentejano certamente nunca será um “bom cão de colo”.
Características físicas
Quando se avista um Rafeiro Alentejano, os ladrões de gado e os animais furtivos desaparecem de imediato. Quem se atreve a desafiar um cão tão grande e possante?
Este cão de raça português tem uma aparência muito marcante, com uma altura de cernelha que pode chegar aos 76 cm e um peso de cerca de 50 kg. A cabeça compacta e corpo forte e robusto transmitem uma imagem de força. Ele olha para outros da mesma espécie com os seus pequenos olhos castanhos, entre os quais aparece um ligeiro sulco, mas ao seu olhar atento não escapa nada.
Estrutura física sólida
Apesar de sua forma volumosa e do seu andar lento e pesado, no geral, o corpo do Rafeiro parece mais longo do que largo. O pescoço proporciona uma boa transição para o ombro, a parte das costas fica alinhada. O pelo e a base espessa da cauda são voltados para baixo mas formam uma elevação ligeira no topo. Em repouso, alcança-nos a altura do joelho. As orelhas do Rafeiro, que não fazem muitos movimentos, são de tamanho médio e caem dobradas para o lado.
Pelo denso em vários tons
O pelo denso e liso deste cão de pastoreio português é de tamanho curto a médio e tem bastante subpelo, o que lhe oferece uma proteção ideal em qualquer clima. O Rafeiro Alentejano está disponível nas cores preto, cinza semelhante ao lobo, castanho semelhante à corça ou amarelo com e sem manchas brancas. Também aparecem exemplares de cor branca com manchas amarelas, bem como outros malhados ou tigrados, os quais são igualmente considerados como padões típicos da raça.
História
O Rafeiro Alentejano é oriundo – como o próprio nome indica – da região do Alentejo, que se estende desde o sul do rio Tejo até ao Algarve. Este cão de raça, que pertence à subsecção do Grupo 2 (Molossóide), de acordo com a classificação da FCI de cães de montanha, tem uma longa tradição como cão de rebanho. Embora pouco se saiba sobre a origem exata da raça invulgar, acredita-se que os seus ancestrais possam estar entre os cães molossóides do Médio Oriente. É provável que esta origem seja também partilhada pelo cão pastor da Serra da Estrela.
Cão guardador de rebanho e símbolo de status
Nas terras baixas do Alentejo, os pastores usavam estes cães de grande porte para manobrar e conduzir o gado. Além disso, estes destemidos amigos de quatro patas proviam a proteção do rebanho que lhe era confiado, combatendo de forma consistente os ataques de animais selvagens ou de ladrões de gado. Especialmente à noite, o Rafeiro Alentejano defende o seu rebanho até a morte. Os proprietários ricos estimavam este cão imponente não apenas como um protetor vigilante, mas também como um símbolo de status, como sinónimo de força e poder.
Salvo da extinção
Com o avanço da industrialização e o declínio dos grandes latifúndios, o Rafeiro tornou-se cada vez mais raro. No início do século XX, estes cães estavam quase extintos. No entanto, um pequeno círculo de amantes assegurou que a raça fosse preservada. Em 1940, definiu-se um primeiro padrão de raça. 14 anos depois, a Federação Cinológica Internacional (FCI) finalmente reconheceu a raça.
Criação e difusão atual
Apesar dos esforços dos seus seguidores, a raça do Rafeiro Alentejano estabeleceu-se apenas até um certo grau, atualmente. A transformação em cães de família, que atinge muitos cães que sempre foram cães de trabalho, não surte efeito neste cão, devido à sua natureza por vezes problemática. Portanto, há apenas alguns criadores que dão continuidade a esta raça especial.
O que é preciso ter em conta antes de adquirir um Rafeiro Alentejano
Se está interessado em ter um Rafeiro Alentejano puro, vai ter que percorrer um longo caminho para encontrar um criador adequado. Fundamental é que quem quer comprar este tipo de cão por ser amante da raça, não faça esta aquisição de ânimo leve. A natureza do Rafeiro é e continua a ser a de um excelente cão de proteção de rebanho e deve ser mantido nesse contexto. Quem quer fazer dele um cão de companhia amigo da família, não estará a fazer uma boa opção, nem para si nem para o patudo.
Saúde e esperança de vida
As doenças típicas da raça são pouco conhecidas devido à baixa densidade da mesma. O Rafeiro é um cão muito robusto, cuja esperança de vida é relativamente alta, situando-se entre 12 e 14 anos. No entanto, como todos os cães do seu tamanho e estrutura, podem ocorrer problemas de articulações, como displasia da anca ou displasia do cotovelo.
A alimentação do Rafeiro Alentejano
O Rafeiro Alentejano não tem exigências especiais na sua dieta. Porém, é importante que tenha uma dieta equilibrada e saudável – especialmente no que diz respeito a possíveis problemas nas articulações. Assim, deve seguir uma alimentação rica em energia, embora em início de vida deva seguir uma dieta mais pobre em proteína, para evitar um crescimento muito rápido do cão jovem. No cão adulto, o valor energético da ração pode ser aumentado novamente. Nesta fase da vida, o cão deve consumir carne fresca, através da qual recebe a quantidade necessária de proteína animal. Os legumes frescos e arroz são também um acompanhamento saudável. O peixe pode ser dado como uma alternativa à carne.
Necessidades nutritivas individuais a considerar
A quantidade e a composição exatas da ração devem basear-se nas necessidades individuais de cada animal. Estas podem diferir muito dependendo da idade, tamanho e níveis de atividade. Por norma, no entanto, a soma de nutrientes essenciais deve ser menor no total, do que a soma dos ingredientes de alta qualidade. Em relação às quantidades diárias, mesmo um cão grande e pesado como o Rafeiro Alentejano dá-se bem com uma a duas refeições por dia. Independentemente disso, ele deve ter sempre bastante água potável disponível.
Cuidados
O Rafeiro Alentejano é um cão bastante fácil de cuidar, cuja pelagem curta e lisa não necessita de cuidados especiais. No entanto, a escovagem regular é necessária devido ao pelo denso e forte. Do mesmo modo, os dentes, unhas e ouvidos devem ser vigiados e limpos. Um cachorro da raça que se habitue a estes procedimentos desde cedo, é uma vantagem, porque dificilmente o dono será capaz de segurar um cão tão grande e possante, a menos que ele “se sente”voluntariamente.
Comportamento e educação
Embora o seu ritmo lento e a expressão relaxada, ligeiramente entediada, sugira o contrário, o Rafeiro Alentejano é excecionalmente perseverante – e rápido quando é necessário. Ele gosta de correr horas a fio pelo seu “território”, verificando se está tudo em ordem e agindo imediatamente, se algo estiver errado. A vida numa cidade, entre jardins apertados, casas e passeios limitados é tão incompatível para este cão, amante da liberdade, como um canil. O Rafeiro precisa duma área grande onde possa perseguir a sua paixão por proteger e vigiar a casa, o terreno e o gado, sem ter de se preocupar com o trânsito ou os vizinhos.
Excelente cão de pastoreio e destemido guardião
As tarefas originais desta raça devem ser levadas a sério pelo dono. Aqueles que não podem oferecer um rebanho ao patudo, devem pelo menos ter uma grande propriedade, cuja proteção e guarda seja confiada a este atento e corajoso amigo de quatro patas. O seu alto nível de vigilância e audácia fazem do Rafeiro Alentejano um excelente cão de guarda, especialmente à noite. Ao mesmo tempo, a astúcia necessária para essa tarefa também requer um dono muito calejado.
Adequado apenas para donos experientes
O Rafeiro Alentejano não é, de todo, um cão adequado para principiantes. Embora seja considerado leal à família, a sua natureza forte e dominante tornam a vida quotidiana com ele num verdadeiro desafio. Sem uma socialização precoce e uma educação firme e consistente, este aglomerado de força português não se deixa dominar. Um treino lúdico recompensado com guloseimas, certamente não é suficiente para educar este cão incorruptível e pouco dado a meiguices. O Rafeiro quer ser levado a sério e precisa de tarefas apropriadas para lidar com a sociedade atual. Assim, para educá-lo devidamente é necessário, não só experiência e habilidade, mas também muita paciência e compreensão para atender às necessidades deste poderoso cão de guarda.