Tosa inu

Os mais tranquilos são os mais corajosos: este provérbio dos samurais é muito apropriado para esta grande raça japonesa. O tosa inu é um cão calmo e sensível, com um carisma sublime, quase majestoso. Observa atentamente, à distância, o que está a acontecer sem ficar nervoso ou agressivo.

Embora seja um cão de guarda e protetor eficaz graças à sua coragem e intrepidez, mantém-se sempre calmo. Ladrar alto e de forma forte não é o seu estilo.

Manter a distância?

O tosa inu não tem uma presença agressiva ou enérgica. De facto, a sua constituição forte e musculada, o seu tamanho e o seu peso são suficientemente intimidantes. É por isso que não há que ter medo deste gigante.

Embora esteja listado como um cão potencialmente perigoso em alguns países, não é injustificadamente agressivo ou sedento de sangue. No entanto, deve ser respeitado. Este cão espera da pessoa que está à sua frente a mesma distância educada que ele próprio mostra para com estranhos. Não gosta de ser tocado sem aviso e considera o toque de estranhos muito desagradável.

Extremamente apegado, apesar da sua tendência para a dominância

Por mais reservado que seja em relação a estranhos, o tosa inu é muito apegado à sua família. Apesar de ter sido criado originalmente como cão de luta, tem um sentido familiar muito desenvolvido.

Se o mantiver como cão de família e o treinar e socializar corretamente, ficará surpreendido com a sua fidelidade e sensibilidade. Sente-se mais à vontade no seu círculo de pessoas. É também muito paciente e carinhoso para com as crianças.

Um cão de luta como cão de companhia?

Apesar de tudo isto, o tosa inu não é um cão de família reconhecido. É verdade que tem uma paciência e uma calma infinitas, mas também é muito teimoso. Isto, juntamente com a sua notável auto-confiança e intrepidez, faz dele um cão que não se submete facilmente aos nossos limites e exigências sociais.

Requer obrigatoriamente uma socialização precoce e completa, bem como treino perseverante para se habituar à nossa vida moderna. No entanto, se tiver experiência e estiver à altura do seu tamanho e peso, verá que é extremamente fiel. Além disso, estará incondicionalmente ao lado da sua família em qualquer situação da vida.

De facto, muito poucas pessoas podem responder afirmativamente a esta pergunta. Ser proprietário de um tosa inu é, literalmente, um trabalho pesado. Devido apenas ao seu tamanho e peso, este cão só deve estar com pessoas fortes e desportivas. É preciso ser fisicamente capaz de o segurar.

Este cão precisa de exercício suficiente e um pequeno apartamento na cidade não é adequado para ele. Nos passeios, é melhor passeá-lo sempre com trela, pois podem ocorrer altercações com outros cães, especialmente machos. Por conseguinte, não é aconselhável que as crianças e os idosos frágeis saiam sozinhos com ele.

O tosa inu encaixa-se no meu ritmo? 

O tosa inu é um protetor eficaz e imponente para quem tem muita experiência com cães grandes e assertivos. É importante ter a capacidade mental e física para possuir um cão tão soberbo e fascinante. Também não devemos esquecer o dinheiro necessário para cuidar de um cão tão grande.

É um cão calmo, que não se perturba facilmente e é sensível ao humor do seu cuidador. Não é adequado para pessoas fracas que procuram um cão de combate grande e pesado para compensar a sua auto-confiança.

Mesmo que o seu físico lhe permita dominar o peso deste cão, não deve faltar uma socialização e um treino intensivos. Só assim poderá controlar os seus ares de machinho perante outros machos desde o início.

É importante que ele tenha contacto com muitos outros cães desde cachorro e que aprenda que a sua pose dominante não vale a pena. Inscrever-se numa escola para cachorros e depois numa escola para cães é altamente recomendável neste sentido. Também pode ajudar a coexistência se o peludo passar no teste do cão de companhia.

Em contraste com o treino, os cuidados com o cão tosa inu são pouco exigentes. É suficiente escovar periodicamente o seu pelo curto pegado ao corpo.

Além disso, este cão goza de uma excelente saúde e quase não se conhecem doenças típicas da raça. O que pode causar problemas é a displasia da anca, que afeta quase todos os cães de médio e grande porte.

Portanto, é importante não o sobrecarregar fisicamente, especialmente na fase de crescimento. Durante este período, é proibido levá-lo a correr consigo ou subir escadas com frequência. Também é importante ter uma manta macia em casa para ele se deitar. De facto, o tosa inu tende a desenvolver calosidades se estiver deitado em solos duros durante muito tempo.

Esperança média de vida

Um tosa inu vive, em média, entre 10 a 12 anos.

Para prevenir a displasia da anca, é também importante prestar atenção à alimentação do peludo. Embora os cachorros precisem de alimentos ricos em energia, a partir dos seis meses de idade a densidade calórica deve ser gradualmente reduzida. Tal evitará que cresça demasiado depressa.

De facto, os problemas articulares, como a displasia da anca e do cotovelo ocorrem frequentemente quando os cães crescem demasiado depressa. Tal faz com que os ossos não consigam acompanhar o rápido desenvolvimento muscular.

Precisa de uma alimentação especial?

No geral, o tosa inu não precisa de qualquer alimentação especial. Adoram tanto carne como peixe e podem comê-los crus (dieta BARF) ou cozinhados, ou sob a forma de ração ou comida húmida. No entanto, é de notar que este cão engorda facilmente. Se já existem casos de excesso de peso na sua família, é aconselhável controlar as quantidades com muito rigor. Evite também dar demasiadas guloseimas entre as refeições.

Aconselhamento veterinário

Para saber o que o seu tosa inu deve comer e em que quantidade, é aconselhável falar com o seu veterinário. De facto, a quantidade, os componentes e a proporção dos nutrientes dependem de critérios muito individuais, como a idade, o peso, o nível de atividade e as condições de posse.

Água fresca várias vezes ao dia

É importante que este cão tenha sempre água fresca disponível. Como as suas bochechas são muito grandes, ele baba-se muito e os longos fios ficam pendurados na boca quando ele come. Portanto, o bebedouro deve ser lavado e reabastecido com água fresca várias vezes ao dia. Caso contrário, pode ficar cheio de bactérias.

Ao contrário de outras raças japonesas famosas, como o akita inu, o kishu, o hokkaido ou o shikoku inu, a raça tosa inu não é autóctone. Foi o resultado de cruzamentos com cães ocidentais.

Em meados do século XIX, quando a era da elite samurai no Japão chegou ao fim, passaram-se muitos anos de isolamento político. À medida que a era moderna se instalava no país, mais e mais estrangeiros chegavam, trazendo consigo novas raças. Ao contrário dos cães indígenas, as raças ocidentais eram maiores, aguerridas e perseverantes. Estas qualidades eram muito apreciadas nas lutas de cães, que na altura viviam o seu apogeu no Japão.

Cruzamento com buldogues, mastins e bull terriers

Em 1872, o shikoku inu foi cruzado pela primeira vez com um buldogue para criar um cão de combate autóctone e superior. A este cruzamento seguiram-se outros com mastins (1874) e pointers alemães (1876). Acredita-se também que os bull terriers ingleses e os São Bernardos estiveram envolvidos na criação da raça.

Início da criação sistemática

Embora o objetivo da criação fosse claro (o cão de combate ideal), nessa altura ainda não havia uma criação planeada. Foi só na década de 1920 que os cães ocidentais começaram a ser importados para o Japão para criar o tosa inu.

O primeiro sucesso desta criação profissional ocorreu em 1924, quando o dogue Alemão foi cruzado com a raça jovem. Na década de 1950, foram também importados cães de Bordéus para este fim. No entanto, a sua influência na criação do cão tosa inu não pôde ser demonstrada.

Utilização do tosa inu em lutas de cães

O tosa inu é a única raça de cão no mundo que foi criada exclusivamente para lutas de cães. De facto, ainda hoje é utilizado oficialmente nestas práticas no Japão. É verdade que as lutas de cães japonesas, que remontam ao século XIV, nada têm que ver com as sangrentas lutas de cães que se realizavam em Inglaterra no século XVIII, perante um público extasiado, e que hoje são justamente proibidas.

Nas lutas de tosas japoneses, os cães lutavam mais como lutadores de sumo. O objetivo era atirar o adversário ao chão exclusivamente com as patas e o corpo. As manifestações de agressividade, tais como rosnar ou morder resultavam na desqualificação do cão. Estes ritos e práticas ainda hoje são utilizados nas lutas de cães no Japão.

Sumo inu, cão de luta tosa ou mastim japonês

A FCI reconheceu esta nova raça em 1964. No entanto, o seu padrão diferia, em alguns aspetos, do Japan Kennel Club. O padrão japonês define principalmente as caraterísticas que tornam o tosa inu apto para a luta. Em contrapartida, a FCI é mais pormenorizada e inclui fatores estéticos, além da capacidade de combate.

O nome da raça, tosa inu, significa algo como cão de Tosa. Este nome refere-se ao feudo japonês (han) Tosa, onde foram efetuadas as primeiras tentativas de criação. A raça também é conhecida pelos nomes mastim japonês, sumo inu e cão de luta tosa.