Ácaros nos cães

ácaros nos cães: tratamento aos ouvidos

Os ácaros dos ouvidos podem ser detetados facilmente no veterinário

Os ácaros são parasitas que causam desconforto e reações alérgicas aos cães. A forma de transmissão e os sintomas dependem do tipo de ácaro. Apesar de, ao contrário das carraças e pulgas, os ácaros nos cães não causarem doenças graves, estes parasitas podem desencadear sintomas bastante desagradáveis e incomodativos.

Os tipos de ácaros nos cães

Existem inúmeros tipos de ácaros que podem atacar o seu patudo. Apresentamos abaixo os mais relevantes assim como alergias que eles causam.

Trombicula autumnalis – Trombiculose

O parasita chamado Trombicula autumnalis provoca uma doença de trombiculose. Este ácaro tem o tamanho de uma cabeça de alfinete e tem uma cor alaranjada. Trata-se de um parasita endémico em várias regiões e está ativo no verão e outono.

A Trombicula autumnalis é um parasita das plantas que passa por várias fases de desenvolvimento, ou seja, depois de os ovos eclodirem nascem as larvas que crescem até se tornarem ácaros. Este tipo de parasita alimenta-se de plantas na maior parte da sua vida. No entanto, durante a fase larvar alimenta-se de plasma de animais. É então nesta fase de desenvolvimento que infestam os cães.

Geralmente as larvas alojam-se entre os dedos das patas, na barriga ou na cabeça. A reação alérgica acontece quando as larvas mordem a pele dos cães. O sintoma principal é a comichão, que pode evoluir até uma irritação cutânea grave. Além disso, os sintomas podem persistir mesmo depois de o parasita ter sido eliminado.

ácaros nos cães: imagem de um parasitas © Mi St / stock.adobe.com
A Trombicula autumnalis é facilmente reconhecível pela sua cor alaranjada

Otodectes cynotis – Ácaro do ouvido

Este tipo de ácaro coloniza preferencialmente o ouvido externo causando uma inflamação – otite. No entanto, também se pode alojar na pele das orelhas. O sintoma típico da otite é uma comichão intensa. No entanto, a inflamação pode evoluir e causar dor e inchaço. É também comum surgir uma secreção castanho escura com odor desagradável.

Cheyletiellen

Este tipo de ácaro é altamente contagioso e muito versátil, pois não tem um hospedeiro preferencial. Assim, o Cheyletiellen pode colonizar cães, gatos, coelhos e mesmo seres humanos. Além disso, todo o ciclo de vida destes ácaros ocorre no hospedeiro. Geralmente a transmissão ocorre através do contato com um animal infetado. No entanto, é possível apanhar estes ácaros através de objetos contaminados.

Estes parasitas vivem na superfície da pele, movendo-se entre os pelos e alimentando-se de fluídos corporais. Um dos sintomas principais da presença destes ácaros é comichão que pode variar de intensidade. No entanto, também aparecem pequenas escamas secas semelhantes a caspa, geralmente nas costas do cão. Estas escamas podem ser os próprios parasitas, pois a sua forma e cor é parecida com a caspa.

Para identificar a presença deste parasita o veterinário tem de recolher uma amostra da pele através de uma raspagem ou com o método da fita de acetato. A amostra é então analisada ao microscópio.

Sarna sarcótica – Sarcoptes scabiei var. Canis

A sarna sarcótica é uma doença causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei var. Canis. Este parasita tem hospedeiros muito específicos e encontra-se principalmente em cães, raposas e martas. A transmissão ocorre pelo contato direto com animais infetados ou indiretamente por contato com objetos contaminados.

Uma vez hospedados no cão estes ácaros reproduzem-se e as fêmeas escavam túneis na pele onde depositam ovos e fezes. Durante o processo de escavação dos túneis os ácaros alimentam-se de células da pele e de fluidos corporais. Como resultado a pele dos cães fica extremamente irritada e podem surgir reações alérgicas. Assim, é muito comum que os cães infetados com este tipo de ácaro sintam uma comichão quase insuportável.

Os primeiros sinais da sarna sarcótica são o aparecimento de manchas avermelhadas na barriga e cotovelos. À medida que a doença se desenvolve os cães perdem pelo nas zonas afetadas. Além disso a pele fica mais espessa, em primeiro lugar junto às orelhas e em fases avançadas da doença em todo o corpo.

Os veterinários diagnosticam a presença deste ácaro através de uma raspagem da pele para observação ao microscópio. No entanto, este exame nem sempre é conclusivo, pois os ácaros podem não estar presentes na amostra retirada. Nestes casos o veterinário pode decidir prescrever o tratamento para sarna sarcótica e acompanhar a evolução do cão. Se os sintomas melhorarem considera-se que o animal estava infetado.

Demodex canis – Sarna demodécica ou demodicose

O tipo de ácaro que causa esta doença está naturalmente presente na pele de todos os mamíferos peludos, logo também nos cães. Estes ácaros vivem nos folículos pilosos e glândulas sebáceas e não conseguem viver fora do hospedeiro. A sua principal fonte de alimentação são resíduos celulares e fluidos corporais.

A presença deste ácaro em números pequenos não causa qualquer doença ou sintoma. E se o sistema imunitário do cão estiver saudável consegue controlar facilmente o número de ácaros. No entanto, se a reprodução e sobrevivência destes ácaros ficarem descontroladas o cão vai desenvolver demodicose.

Um fator que pode desencadear esta doença é o momento do parto. Nessa fase a mãe transmite estes ácaros aos cachorrinhos que por terem um sistema imunitário imaturo podem não conseguir controlar a reprodução deste parasita.

Como diagnosticar a presença de ácaros em cães?

Na maior parte dos casos o veterinário consegue detetar a presença de ácaros com uma pequena raspagem da pele ou usando o método da fita de acetato. No entanto, se a inflamação for nos ouvidos é preciso usar um cotonete. Por fim, para detetar ácaros do tipo Demodex canis é preciso ir mais longe. O veterinário pode por exemplo fazer uma raspagem da pele mais profunda ou examinar raízes de pelos.

Ácaros nos cães: a limpeza da casa é essencial © Andrii / stock.adobe.com
Um dos métodos mais eficazes para controlar a proliferação de ácaros é a limpeza frequente e intensiva

Tratamento para os ácaros nos cães

Na maior parte dos casos de infestação por ácaros deve tratar o cão doente assim como outros animais que vivam na mesma casa, visto que o risco de transmissão é elevado.

É igualmente importante fazer o tratamento até ao fim mesmo que o cão já não apresente sintomas. Só desta forma consegue garantir a extinção dos ácaros em todos os estádios de desenvolvimento. Além disso, é aconselhável tosquiar os cães com pelo grosso e comprido.

Medicação

Existem vários medicamentos indicados para tratar infestações por ácaros, como por exemplo shampoos, comprimidos e loções spot-on. Em casos em que o problema está mais avançado e o cão já apresenta infeções na pele devem ser usados shampoos antibacterianos ou mesmo antibióticos de administração tópica.

É de sublinhar que qualquer tratamento deve ser sempre prescrito por um veterinário.

Limpeza intensiva da casa

Para conseguir eliminar os parasitas do seu cão a sua casa também tem de estar completamente desparasitada. Assim, além de aspirar e lavar a casa também deve usar um spray anti-ácaros.

Naturalmente, deve dar uma atenção especial aos locais onde o seu cão passa mais tempo. Assim, é essencial lavar a cama, a caixa de transporte, o carro, e outros acessórios como por exemplo escovas ou pentes. Estes cuidados devem ser regulares e frequentes durante todo o tratamento do seu cão.

Prevenção: como evitar os ácaros nos cães?

Se desparasitar regularmente o seu cão contra parasitas como carraças, por exemplo, também consegue provavelmente controlar os ácaros. Sprays ou comprimidos desparasitantes são a melhor alternativa. Além disso, todo o contato com animais infetados deve ser evitado.

Por fim, como mencionado o ácaro Demodex canis faz parte da fauna natural da pele dos cães. Assim, não existem tratamentos preventivos eficazes.

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