Anaplasmose nos cães
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Os meses quentes de verão convidam a dar grandes passeios pela natureza. Infelizmente, nesses passeios os patudos, por vezes, trazem para casa convidados indesejáveis, ou seja, carraças. Se o seu cão foi mordido por uma carraça e passados alguns dias apresentar febre, dores ou letargia é possível que tenha sido infetado com anaplasmose. Leia este artigo para saber mais sobre os sintomas e tratamento da anaplasmose nos cães.
Sumário
Qual a gravidade da anaplasmose nos cães?
As boas notícias em primeiro lugar: em Portugal os casos de infeção por bactérias da espécies anaplasma são bastante raros.
Esta bactéria tem uma maior prevalência no norte da Europa, mas quem tem cães na família deve estar atento a esta doença e aos seus sintomas, visto que sem tratamento adequado a anaplasmose pode ser fatal. Além disso, em animais com o sistema imunitário mais enfraquecido, esta doença pode tornar-se crónica.
Principais sintomas de anaplasmose nos cães
As bactérias causadoras desta doença invadem os glóbulos brancos, e, por isso, rapidamente chegam a todo o organismo. Assim, um patudo infetado pode apresentar diversos sintomas, no entanto, os mais comuns são:
- Inflamação das articulações e febre
- Dificuldades motoras
- Feridas sangram mais devido à redução do número de plaquetas no sangue
- Baixa concentração de glóbulos brancos e vermelhos (anemia e leucopenia). Em consequência, o patudo apresenta mal-estar generalizado, fraqueza, perda de peso e retenção de líquidos
- Gânglios linfáticos aumentados, baço e fígado inchados
Quando a doença se começa a desenvolver, os sintomas são bastante graves. No entanto, passada a fase aguda, a doença entra na fase subclínica e os sintomas tornam-se mais leves. Nesta altura ou o organismo consegue eliminar completamente as bactérias ou estas permanecem no sangue ainda que enfraquecidas.
Em cães com o sistema imunológico fraco, por exemplo, devido a outra doença, a anaplasmose pode tonar-se crónica. Nesse caso, os sintomas graves reaparecem periodicamente. Infelizmente, os cães com anaplasmose podem morrer, independentemente da fase da doença. No entanto, casos fatais são raros.
Diagnosticar a anaplasmose nos cães
A anaplasmose é uma doença com sintomas relativamente inespecíficos, que se pode confundir com outras doenças, como a erlichiose ou a babesiose. Assim, é muito importante que o veterinário consiga diagnosticar com certeza qual a doença do patudo.
Para fazer o diagnóstico, o veterinário começa por recolher informações sobre o historial e hábitos do patudo junto dos donos. Em seguida, faz um exame geral ao patudo e se houver suspeita de anaplasmose, o veterinário faz uma recolha de sangue para análise em laboratório. Visto que se trata de uma análise especializada, os resultados podem demorar alguns dias.
A análise mais usada no diagnóstico da anaplasmose nos cães é o teste de imunofluorescência, que se baseia numa reação antígeno-anticorpo. No entanto, o teste só tem validade 10 dias depois do patudo ser infetado, já que antes disso não é possível detetar anticorpos. Se o resultado for de 1:1000 considera-se que o cão está doente, para valores inferiores é aconselhado repetir as análises dentro de 4 semanas, porque a formação de anticorpos pode não ter atingido o máximo.
Para diagnosticar esta doença, podem também ser usados testes PCR, que detetam a bactéria e não os anticorpos.
Tratamento
O tratamento da anaplasmose inclui duas frentes: por um lado o patudo toma medicamentos, mais concretamente antibióticos, para combater diretamente as bactérias. Este tratamento dura cerca de 3 semanas. Por outro lado, o veterinário vai também combater os sintomas. Para tal o patudo poderá receber tratamento intravenoso ou transfusões de sangue. Caso o cão também apresente sintomas inflamatórios graves, o veterinário geralmente recorre a medicamentos com cortisona.
Importante: depois do tratamento, o patudo deve fazer análises ao sangue para que o veterinário possa agir rapidamente caso a doença piore.
Qual a probabilidade de cura?
Com um tratamento adequado, a anaplasmose geralmente tem cura. No entanto, mesmo que o patudo esteja curado, os testes podem dar positivo para anticorpos durante mais de um ano. Além disso, infelizmente, não é possível descartar um reaparecimento da doença.
Causas da anaplasmose nos cães
O agente etiológico da anaplasmose são as bactérias anaplasma spp., que se encontram na saliva de várias espécies de carraças. Assim, quando uma carraça infetada pica um cão, a bactéria entra no corpo do patudo.
Em Portugal, as populações de carraças aumentam na primavera e verão, mas estão presentes no meio ambiente todo o ano. No que se refere à transmissão da anaplasmose, as carraças da espécie Ixodes rhizinus são as mais perigosas.
Depois da picada, as bactérias causadoras da anaplasmose demoram menos de uma semana a infetar as células sanguíneas e, em especial, os glóbulos brancos. Estas células, que fazem parte do sistema imunitário natural, permitem ao organismo reconhecer e destruir os agressores, neste caso, as bactérias. Assim, ao atacar estas células, as bactérias conseguem sobreviver e espalhar-se por todo o corpo, atingindo órgãos vitais como os rins, pulmões, fígado e mesmo o cérebro.
Agentes etiológicos
Existem dois tipos de bactérias anaplasma, que causam doenças com sintomas diferentes e também têm uma distribuição geográfica distinta:
Anaplasma phagozytophilum
Esta bactéria é o agente responsável pela anaplasmose granulocítica canina, e pode infetar cães, gatos, seres humanos, entre outras espécies.
Esta bactéria está identificada em vários países da Europa. No entanto, os dados indicam que há uma maior prevalência nos países do norte e centro da Europa. Além disso, a maioria dos cães infetados não desenvolvem sintomas, o que pode influenciar os dados da prevalência desta doença. Por fim, para que o patudo fique infetado, a carraça portadora desta bactéria tem de picar e ficar a sugar o sangue durante pelo menos três dias.
Anaplasma platys
A bactéria Anaplasma platys é responsável pela anaplasmose trombocítica. Esta bactéria também tem distribuição mundial, no entanto na Europa está principalmente presente nos países da bacia mediterrânica incluindo Portugal. A maioria dos cães infetados com esta bactéria permanecem assintomáticos.
Prevenir a anaplasmose nos cães
A forma mais eficaz de prevenir esta doença é evitar levar o seu patudo a zonas onde existem carraças. No entanto, como sabemos, isto não é fácil. Assim, o melhor é mesmo adotar medidas profiláticas contra as carraças, ou seja, dar antiparasitários ao seu patudo. Atualmente existem diversos tipos de antiparasitários, como pipetas, coleiras ou comprimidos.
Além disso, depois dos passeios, especialmente em zonas verdes, verifique o pelo do seu patudo. Se encontrar uma ou mais carraças retire-as rapidamente com uma pinça para carraças e desta forma dificilmente o seu cão terá esta doença.