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Se o seu cão está a ficar com os olhos opacos é sinal de que tem cataratas.
Tal como nós, os patudos também envelhecem. Durante o processo de envelhecimento quer o pelo, quer os olhos podem ficar opacos. No caso dos olhos, a opacidade é sinal de cataratas. Neste artigo, explicamos como se desenvolvem as cataratas nos cães, os principais sintomas e as possibilidades de tratamento.
A catarata é uma doença dos olhos de caráter progressivo em que o cristalino vai ficando opaco e prejudica a visão. O cristalino é uma espécie de lente que se situa entre a iris e o humor vítreo, estruturas do interior do olho. Para que o patudo consiga ver bem, ou seja, percecionar uma imagem nítida independentemente da distância, o cristalino tem que estar totalmente transparente. Caso contrário, a luz não se reflete adequadamente e a formação de imagens no olho fica alterada. As dificuldades de visão dependem da gravidade da doença.
É relativamente fácil perceber que um patudo tem cataratas, visto que o olho torna-se opaco com uma coloração acinzentada. É de sublinhar que esta doença pode afetar um ou os dois olhos. Além disso, sendo uma doença progressiva, as cataratas desenvolvem-se ao longo de vários meses ou anos e podem levar ao surgimento de outras patologias.
Na fase inicial, um patudo com cataratas apresenta pequenas manchas no olho afetado. Com o passar do tempo, as manchas tornam-se maiores até que deixa de ser possível ver o fundo do olho. Nessa altura o patudo tem grande dificuldade em ver. Nalguns casos, esta doença pode evoluir para uma inflamação dolorosa. É também possível que o cristalino acabe por adquirir uma coloração amarela.
Em fases avançadas da doença, o cristalino pode deslocar-se, a chamada luxação do cristalino. Infelizmente, esta condição pode ainda levar ao aparecimento de glaucoma. Visto que esta é uma situação muito dolorosa, os patudos devem ir ao veterinário o mais rápido possível.
Cães com cataratas veem cada vez pior, visto que a luz não se reflete no cristalino embaciado. Em termos concretos, o patudo vê o que está à sua volta como envolto numa névoa mais ou menos densa.
Na fase inicial, os donos dificilmente se apercebem que o seu patudo está doente, visto que ele só tem dificuldade em ver em ambientes escuros ou com pouca luz. À medida que a doença progride, os donos começam a notar que o patudo fica desorientado, fica mais tempo sem se mexer e que esbarra nos móveis ou em pessoas. No entanto, se só um dos olhos for afetado, muitos cães compensam as dificuldades de visão com o olho saudável.
Se suspeitar que o seu cão está com cataratas não adie a visita ao veterinário. Na consulta, em primeiro lugar o veterinário recolhe informações junto dos donos, ou seja, pergunta, por exemplo, se existem alterações no comportamento do patudo. Em seguida, o veterinário faz um exame geral para conhecer o estado de saúde do patudo e para detetar doenças como diabetes.
O passo seguinte é fazer um exame oftalmológico detalhado. Nesta fase, o veterinário começa por verificar se o patudo perceciona bem movimentos ao seu redor. Segue-se então um exame mais profundo às estruturas oculares e, para tal, o veterinário usa colírios que dilatam as pupilas. Além disso, existem também aparelhos de diagnóstico que geralmente são muito uteis para o diagnóstico das cataratas nos cães:
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Infelizmente, não existem ainda medicamentos que curem ou mesmo evitem a progressão desta doença. Assim, neste momento o tratamento indicado é a cirurgia para retirar a lente opaca do olho. Este procedimento é realizado com anestesia geral e é particularmente eficaz quando a retina ainda está saudável.
Assim, não espere muito tempo para operar o seu patudo. Lembre-se que como esta é uma doença progressiva, ela vai acabar por afetar outros órgãos do olho e, por isso, reduzir o sucesso da operação. Além disso, quanto mais avançada a doença mais probabilidade de haver complicações pós-cirúrgicas.
A seguir à operação, os donos têm que ter cuidados especiais com o seu patudo, nomeadamente pôr colírios várias vezes ao dia. Além disso, o patudo deve ser seguido no veterinário para controlar a evolução da cirurgia.
Esta doença pode ser hereditária, ou seja, herdada dos progenitores ou adquirida, ou seja, uma consequência de outras doenças ou estilo de vida.
Em termos hereditários, esta é uma doença de transmissão recessiva e geralmente afeta ambos os olhos. Algumas raças têm maior tendência a desenvolver cataratas, como Labrador Retriever, Golden Retriever, Husky, schnauzer e afegãos.
Outra doença ocular congénita é a atrofia progressiva da retina, que afeta qualquer raça e que causa a degeneração da retina. Esta é uma doença complexa que pode levar ao aparecimento também de cataratas.
Na maior parte dos casos, as cataratas são adquiridas, quer como consequência direta do envelhecimento (cataratas primárias) ou como consequência de outras doenças (cataratas secundárias). Entre as doenças que podem levar ao aparecimento de cataratas estão as inflamações oculares, lesões ou alterações nos órgãos oculares ou doenças sistémicas, como a diabetes. É importante lembrar que cerca de 60 % dos cães com diabetes desenvolvem cataratas, geralmente nos dois olhos. Casos de envenenamento ou a exposição a radiação raramente causam cataratas.
O prognóstico desta doença depende muito do estádio da doença na altura em que é feito o diagnóstico e o tratamento. Nos casos em que é aconselhado fazer uma cirurgia, a probabilidade do patudo voltar a ver bem situa-se entre 90 e 95%. No entanto, se outras estruturas internas do olho estiverem inflamadas ou se houve luxação do cristalino, a probabilidade de cura diminui.
Não existem medidas preventivas para cataratas congénitas ou para as que surgem em consequência do envelhecimento. No entanto, se o seu patudo tiver diabetes, é essencial dar-lhe uma alimentação adequada e levá-lo a fazer exercício físico, visto que isto evita o aparecimento de doenças secundárias, como por exemplo, as cataratas.
Estudei medicina veterinária na Universidade Justus-Liebig em Gießen, onde pude ganhar alguma experiência em vários campos, como medicina para pequenos e grandes animais, medicina exótica, farmacologia, patologia e higiene alimentar. Desde então, não trabalhei apenas como autora veterinária. Também trabalhei na minha tese, que foi influenciada cientificamente. O meu objetivo é proteger melhor os animais contra patógenos bacterianos no futuro. Além do meu conhecimento, partilho as minhas próprias experiências como dono de um cão e, assim, consigo entender e dissipar medos e problemas, bem como outras questões de saúde animal.
