Dermatite atópica canina
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A dermatite atópica em cães é também conhecida por dermatite de contato ou eczema. É uma inflamação crónica da pele (dermatite) causada pelo contato com certos alergénios (proteínas causadoras de alergias). A alergia, geralmente, manifesta-se cedo, em cães de entre cerca de 8 meses e 3 anos.
Causas
A dermatite atópica nos cães pode ser causada pela comida ou outros fatores ambientais diversos. De acordo com o agente que causa a doença, os sintomas podem ser sazonais (por exemplo, alergia a gramíneas) ou crónicos persistindo ao longo de todo o ano (por exemplo, alergias alimentares). Os principais alergénios causadores de dermatite atópica nos cães são:
- Gramíneas, pólen, cogumelos
- Parasitas: pulgas, ácaros
- Comida
Ainda não se sabe por que razão os cães desenvolvem alergias a determinadas substâncias. Pensa-se que fatores genéticos ou viver em ambientes excessivamente higienizados têm uma influência importante. A hipótese do excesso de higiene justifica-se pelo facto do sistema imunológico dos cães reagir de forma exagerada quando repentinamente exposto a certas substâncias novas que, de outra forma, seriam inofensivas. A reação alérgica está sempre relacionada com um alergénio (proteína) que quando em contato com o animal, desencadeia a chamada reação alérgica tipo 1.
Certas células do sistema imunológico (células T helper) produzem cada vez mais anticorpos (imunoglobulina E, IgE), a estes ligam-se os alergénicos, causando uma libertação maciça de histamina. Surgem então os sintomas alérgicos no organismo, como vermelhidão, comichão e inchaço. Trata-se, portanto, de uma reação de hipersensibilidade.
Conjuntamente com a reação alérgica, a dermatite atópica em cães pode piorar ainda mais devido a infeções bacterianas secundárias. O lamber da pele ajuda as bactérias e os fungos a penetrarem na pele e podem causar reações purulentas. As bactérias e fungos que fazem parte da flora normal da pele do cão, como estreptococos ou malassezia, desempenham um papel crucial neste processo.
Dermatite atópica em cães: sintomas
A dermatite atópica em cães pode ser sazonal ou permanente, de acordo com a causa e, geralmente, ocorre em surtos. As áreas da pele mais frequentemente afetadas são as patas da frente (especialmente a área entre os dedos), as pontas das orelhas e lábios, a conjuntiva, a barriga e a parte inferior do pescoço. Como a reação depende muito da intensidade da reação alérgica e do tipo de contato, os cães afetados podem apresentar sintomas diferentes:
- Comichão: mordiscar, lamber e coçar as áreas do corpo afetadas com as patas
- Perda de pelos (alopecia) e possivelmente lesões na pele
- Zonas inflamadas da pele: vermelhidão, aumento da temperatura no local, dor, secreções da ferida
- Inflamação da conjuntiva (conjuntivite) e inflamação dos lábios (queilite)
Diagnóstico
O diagnóstico de dermatite atópica em cães faz-se através do diagnóstico de exclusão. O veterinário faz primeiro um questionário detalhado ao dono para reduzir o possível número de causas da alergia. Se, por exemplo, os sintomas surgem maioritariamente no verão, pode tratar-se de uma dermatite atópica relacionada com o pólen.
Depois de recolher todas as informações relevantes junto do dono do cão, o veterinário faz um exame clínico geral. Parâmetros como condição geral, temperatura corporal ou respiração ajudam o veterinário a interpretar o estado geral de saúde do cão. Em muitos casos, este é um passo importante para o diagnóstico final.
Se o cão apresentar uma boa condição de saúde, segue-se um exame específico. Para descobrir se a dermatite atópica está relacionada com a alimentação ou fatores ambientais, pode ser adotada a chamada dieta de exclusão ou dieta de eliminação. Neste caso, o cão não pode comer a comida habitual durante várias semanas. Se os sintomas melhorarem, é provável que a alergia seja causada pela comida. Para confirmar a suspeita, o cão pode ser novamente alimentado com a ração anterior. Se as reações alérgicas reaparecerem, pode-se concluir que a dermatite atópica está relacionada com a comida. Se, por outro lado, o teste mostrar que não há alergia à comida, o veterinário pode medir o nível de imunoglobulina E no sangue ou na pele (teste intradérmico) para verificar se a dermatite atópica está relacionada com fatores ambientais. No entanto, como os cães saudáveis também têm IgE no sangue e na pele, os resultados dos testes nem sempre são conclusivos.
Tratamento
O tratamento da dermatite atópica em cães depende das causas e da severidade da doença:
- Retirada dos alergénios: dar, por exemplo, uma alimentação seletiva a longo prazo (por exemplo, ração de dieta específica ou comida especialmente preparada para o cão). Descubra a nossa seleção de rações para cães com doenças de pele!
- Medicamentos para reações alérgicas: anti-histamínicos
- Tratamento de infeções secundárias: antibióticos ou antifúngicos
- Tratamento dos sintomas: anti-inflamatórios (champôs, comprimidos, cremes), glucocorticóides (cortisona) administrada sob supervisão veterinária, terapia para inativação das células imunológicas, suplementos de vitaminas, uso tópico dos inibidores da calcineurina (por exemplo, tracolimo, anti-inflamatórios e imunossupressores)
Se não for possível retirar os alergénios, pode ser feito um tratamento de dessensibilização. Trata-se de uma imunoterapia específica com alergénios (ITA), na qual os alergénios específicos são administrados subcutaneamente no cão. No início do tratamento a dose injetada é pequena, mas será aumentada até à dose de manutenção.
No início da terapia é administrada uma pequena dose que é aumentada até uma dose de manutenção, que terá de ser mantida ao longo da vida. Na maioria dos casos, a redução da dose ou a suspensão do tratamento causa o reaparecimento dos sintomas.
Prognóstico
Como o sistema imunitário tem uma memória muito boa, a dermatite atópica não tem cura. No entanto, para que o cão mantenha uma boa qualidade de vida, é muito importante manter o tratamento ao longo da vida, assim como uma boa cooperação entre o dono e o veterinário.
Prevenção
Na maioria dos casos, as alergias surgem em surtos e sem aviso prévio, razão pela qual não existe uma profilaxia eficaz. No entanto, uma vez conhecida a causa da doença, surtos subsequentes podem ser controlados através das medidas terapêuticas acima mencionadas.