Peritonite nos cães This article is verified by a vet

cão deitado no colo da dona

A dor abdominal é um dos sintomas que pode indicar peritonite nos cães.

A peritonite nos cães é uma doença grave. Se não for tratada, pode provocar a morte do animal. Neste artigo pode encontrar o que causa a peritonite nos cães e como funciona o tratamento.

Peritonite nos cães: é perigosa?

A peritonite é uma inflamação do peritoneu dos cães. Trata-se de uma pele fina que reveste o espaço entre a camada interna da parede abdominal e o revestimento dos órgãos abdominais.

Este espaço também é chamado cavidade peritoneal. Se o peritoneu estiver infetado, pode ter consequências graves para os órgãos em redor e, portanto, para a saúde do seu cão.

Portanto, a peritonite nos cães deve ser tratada por um veterinário, sobretudo se se tratar da forma séptica.

Atenção: a forma séptica é uma situação de urgência

A peritonite nos cães nem sempre tem que ser grave. Porém, se for resultado de uma infeção, trata-se de uma peritonite séptica e, portanto, é uma situação de urgência.

Pois a forma séptica da peritonite pode ter consequências graves para a saúde. Por este motivo, perante suspeitas de peritonite, deve consultar sempre um veterinário.

cão em posição de oração na relva © JM Soedher / stock.adobe.com
Se o seu cão se colocar na chamada posição de oração, pode tratar-se de um indicador de dor abdominal.

Sintomas: quais os sinais de peritonite nos cães?

Os sintomas exibidos pelo seu cão em resultado de uma peritonite dependem em grande parte da causa e da evolução da doença. Regra geral, os cães afetados apenas apresentam sintomas não específicos no início da peritonite.

Os sintomas vão ganhando terreno gradualmente, tornando-se mais evidentes, podendo, então, indiciar peritonite. Os principais sintomas são os seguintes:

Quando devo ir ao veterinário?

Assim que o seu cão mostre sinais de doença, deve levá-lo ao veterinário o mais depressa possível.

Nota: uma pulsação rápida e latejante e frequência respiratória acelerada são sinais de alarme de um choque fatal. Perante estes sinais, deve levar o animal ao veterinário de imediato.

Quanto tempo é que dura a peritonite nos cães?

Tendo em conta que, normalmente, a peritonite nos cães progride inicialmente de forma lenta, pode durar várias semanas.

Diagnóstico: como é diagnosticada a peritonite nos cães?

Para diagnosticar peritonite no seu cão, o veterinário irá proceder a várias fases de examinação. Primeiro, irá questioná-lo em detalhe acerca da evolução dos sintomas e acerca de tratamentos prévios e cirurgias.

Depois de um exame geral, seguem-se novos passos.

Palpação dos órgãos abdominais

Quando o seu cão está a sofrer de forte dor abdominal, é comum a parede abdominal estar tensa. No entanto, em cães apáticos é possível, por vezes, sentir os órgãos abdominais do exterior.

Dependendo do tamanho, localização e condição, o veterinário pode detetar os primeiros sinais de peritonite no seu cão.

Modalidades de imagem

Para se obterem mais informações acerca da peritonite, exames como uma radiografia ou uma ecografia são úteis.

Típicos do quadro clínico da peritonite são a perda de detalhes na área abdominal: os órgãos não são tão visíveis quanto nos cães saudáveis. A acumulação progressiva de fluidos, que provoca a efusão do abdómen, explica esta situação.

Punção abdominal

Uma efusão pode ser detetada na radiografia, mas a qualidade dos fluidos não pode ser avaliado. Portanto, o veterinário tira uma amostra através da modalidade de punção abdominal.

O médico aspira o fluido da cavidade abdominal e examina-o. Uma efusão com uma elevada concentração de células e proteína é típica da peritonite nos cães.

Análise sanguínea

Uma análise ao sangue dá mais informação acerca das possíveis causas e gravidade da peritonite.

Em casos de peritonite grave, por exemplo, verifica-se muitas vezes um aumento nos glóbulos brancos (leucocitose) e nos neutrófilos (neutrofilia).

Tratamento: como se trata a peritonite nos cães?

Dependendo da gravidade e forma da doença, o tratamento é composto por medidas de suporte e cirúrgicas.

Tratamento de suporte

São várias as medidas que podem ajudar a estabilizar a circulação do seu cão e aliviar os sintomas. As medidas de primeira linha incluem:

  • Terapia de infusão e equilíbro das alterações nos eletrólitos
  • Administração de oxigénio
  • Equilíbrio dos balanços ácido-base com bicarbonato, por exemplo
  • Administração de antibióticos (além de antibiograma) e analgésicos
  • Se necessário, medicação para as náuseas

Tratamento cirúrgico

A peritonite séptica nos cães é sempre uma emergência, exigindo medidas cirúrgicas imediatas. Para que o animal possa ser anestesiado é fundamental que esteja estável.

Durante a incisão abdominal, isto é, a abertura da cavidade abdominal, o veterinário procura a causa da doença e elimina-a.

Além disso, tira uma amostra para, depois, criar uma cultura bacteriana e testar os patógenos para uma hipotética resistência (antibiograma). Também remove o tecido morto e contaminado e enxagua a cavidade abdominal.

Após a cirurgia: importância dos cuidados pós-operatórios

O tratamento não acaba com a cirurgia. É aí que começam os cuidados pós-operatórios. Estes têm um impacto significativo no sucesso do tratamento. O seu patudo precisa de mais energia da sua parte do que nunca.

Em muitos casos, uma sonda de alimentação é colocada durante a cirurgia.

Por norma, o paciente fica na enfermaria nos dias que se seguem à operação. Assim, a sua saúde é atentamente monitorizada para que a recuperação corra o melhor possível.

Causas: como se desenvolve uma peritonite nos cães?

A peritonite nos cães é muitas vezes o resultado de uma infeção bacteriana. No entanto, nem sempre é o caso.

Por este motivo, os veterinários dividem a doença entre a forma primária (provocada pelo sangue) e a forma secundária (a partir de dentro).

Peritonite primária (hematogénica)

A peritonite primária é muito rara nos cães. Surge a partir de uma infeção bacteriana espontânea, por exemplo provocada por Actinobacteria, Clostridium ou Nocardia em combinação com um sistema imunitário enfraquecido.

Peritonite secundária (endógena)

A peritonite secundária é a forma da doença mais comum nos cães. Surge a partir de uma infeção na cavidade abdominal ou na sequência de uma lesão com a entrada de germes no organismo (por exemplo, se a parede abdominal rasgar).

Dependendo da forma da doença, a peritonite secundária é dividida nas formas asséptica e séptica:

  • A peritonite asséptica é uma inflamação estéril. Portanto, em vez de infeções, são outros os fatores responsáveis, como transtornos químicos ou mecânicos do peritoneu. Além de medicamentos como antibióticos, a irritação pode surgir em sequência de materiais externos, como restos de fios. Mas também tumores podem causar inflamações estéries do peritoneu.
  • A peritonite séptica (infecciosa) é a forma mais comum. Surge frequentemente em sequência de lesões no trato gastrointestinal e da penetração de germes na cavidade abdominal. É tipicamente desencadeada pelo rasgamento dos limites de feridas, tratadas com suturas, ou pela presença de corpos estranhos afiados.

Prognóstico: a peritonite nos cães tem cura?

Se o seu cão sobrevive ou não a uma peritonite é uma questão que depende de muitos fatores. Quanto mais depressa consultar o veterinário, melhor. Porém, se se tratar de peritonite séptica, a peritonite nos cães pode ser fatal. Nestes casos, a taxa de mortalidade oscila entre os 20 e os 48%.

Prevenção: a peritonite nos cães pode ser evitada?

Normalmente, a peritonite nos cães não pode ser evitada. Demasiados fatores desencadeadores, sobre os quais não tem, muitas vezes, qualquer influência, podem provocar esta doença.

Portanto, o mais importante é consultar o veterinário aos primeiros sinais e estar atento à saúde e bem-estar do seu cão.

Fontes:


Franziska G., Veterinária
Profilbild von Tierärztin Franziska Gütgeman mit Hund

Estudei medicina veterinária na Universidade Justus-Liebig em Gießen, onde pude ganhar alguma experiência em vários campos, como medicina para pequenos e grandes animais, medicina exótica, farmacologia, patologia e higiene alimentar. Desde então, não trabalhei apenas como autora veterinária. Também trabalhei na minha tese, que foi influenciada cientificamente. O meu objetivo é proteger melhor os animais contra patógenos bacterianos no futuro. Além do meu conhecimento, partilho as minhas próprias experiências como dono de um cão e, assim, consigo entender e dissipar medos e problemas, bem como outras questões de saúde animal.


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