Toxoplasmose nos cães This article is verified by a vet

Os gatos são os hospedeiros principais do parasita da toxoplasmose e por isso podem transmitir a doença aos cães

Os gatos podem transmitir a toxoplasmose aos cães.

Os cães adoram carne crua, aliás esta é uma das razões que levam os donos a optar pela dieta BARF. Mas sabia que a carne crua pode transmitir toxoplasmose? Neste artigo explicamos como se desenvolve a toxoplasmose nos cães.

Os cães podem transmitir toxoplasmose às pessoas?

As pessoas só ficam infetadas com toxoplasmose se comerem carne infetada mal cozinhada ou através do contato com fezes de gato infetadas. Isto acontece por exemplo ao limpar a caixa de areia do seu gato. No entanto, os cães e outros animais de estimação não transmitem toxoplasmose às pessoas.

Quais os sintomas de toxoplasmose nos cães?

Os cães raramente ficam infetados com toxoplasmose. Ainda assim, cães com o sistema imunitário mais fraco, como os cachorros com menos de um ano de idade, podem desenvolver esta doença. No entanto é de sublinhar que os casos de infeção são muito raros.

A toxoplasmose nos cães manifesta-se no cérebro (encefalite), fígado (hepatite) ou pulmão (pneumonia) de acordo com o órgão lesionado. Os principais sintomas desta doença são:

  • Mal-estar geral. Por exemplo febre e fraqueza
  • Perturbações do sistema nervoso central, como por exemplo convulsões, vómitos e problemas na visão
  • Perturbações respiratórias, como tosse
  • Aborto no caso de ser a primeira infeção numa cadela grávida
A febre pode ser o primeiro sintoma da toxoplasmose nos cães. No entanto existem outros sintomas importantes © Ocskay Mark / stock.adobe.com
A febre pode ser o primeiro sintoma da toxoplasmose nos cães

Como se diagnostica a toxoplasmose?

Se o seu patudo apresenta queixas neuromusculares deve levá-lo ao veterinário. No consultório, o veterinário examina o patudo e pode despistar a toxoplasmose recorrendo aos seguintes métodos de diagnóstico:

1. Análises ao sangue

Em caso de suspeita de toxoplasmose o veterinário pode pedir análises ao sangue para deteção de anticorpos específicos (IgG e IgM). O soro ou plasma do sangue é analisado em laboratório através de testes de aglutinação, ELISA ou teste de imunofluorescência.

O diagnóstico positivo da toxoplasmose através da presença de anticorpos implica sempre a presença de anticorpos IgM. Por outro lado, a presença de anticorpos IgG por si só não permitem o diagnóstico, já que estes permanecem no corpo toda a vida após a infeção. Assim, a toxoplasmose é diagnosticada com a presença de anticorpos IgM e um aumento da concentração de anticorpos IgG. Para esta análise o veterinário tem que fazer colheitas de sangue ao longo de várias semanas.

2. Punção lombar

Se o seu patudo estiver gravemente doente, o veterinário pode detetar anticorpos através de testes PCR. Para tal o veterinário recolhe líquido cefalorraquidiano através de uma punção lombar. Este procedimento implica a anestesia geral do patudo.

Qual o tratamento da toxoplasmose nos cães?

O tratamento da toxoplasmose é feito através da administração de clindamicina. Trata-se de um antibiótico em forma de comprimido que os patudos devem tomar durante várias semanas.

Quais as causas da toxoplasmose?

A toxoplasmose é uma doença infeciosa conhecida e presente em todo o mundo e é causada pelo parasita Toxoplasma gondii. Os gatos e outros felinos são os hospedeiros principais deste parasita, onde ele se desenvolve e reproduz. Outros mamíferos como cães, porcos ou vacas são apenas hospedeiros intermediários e por isso não transmitem a doença aos seres humanos. Por fim, a toxoplasmose é uma zoonose, pois pode atacar também as pessoas, especialmente grávidas e pessoas com sistema imunitário enfraquecido.

Transmissão da toxoplasmose para os cães

A toxoplasmose é uma doença que segue um determinado ciclo de desenvolvimento. Como referido, os felinos são os hospedeiros principais do parasita desta doença que se reproduz nas mucosas intestinais. Passado algum tempo os felinos eliminam nas fezes os occistos, ou seja, formas semelhantes a ovos do parasita. Estes ovos tornam-se infeciosos pouco tempo depois de terem sido expelidos.

Para saber mais sobre este processo leia o nosso artigo Toxoplasmose nos gatos.

Os cães podem apanhar toxoplasmose de várias formas, como por exemplo:

  • Ao comer carne crua infetada como parte da dieta BARF ou presas infetadas, como ratos.
  • Ao lamber fezes de gatos com occistos.
  • Através do sémen dos machos durante o acasalamento.
  • Através da placenta durante a gravidez.

Se o patudo tiver ingerido os parasitas eles acabam inevitavelmente nos intestinos. Aí os parasitas evoluem e acabam por danificar partes dos intestinos.

Qual o prognóstico da toxoplasmose nos cães?

O risco de um cão adoecer ou apresentar sintomas graves com a toxoplasmose é muito baixo. No entanto, se a situação for realmente grave a toxoplasmose pode ser fatal. Além disso, os patudos também podem desenvolver doenças neurológicas em consequência da infeção.

A carne crua é uma possível causa de toxoplasmose nos cães © Phil Stev / stock.adobe.com
Cuidado com a dieta BARF: a carne crua pode conter occistos infeciosos.

Como proteger o seu cão da toxoplasmose

Se optou pela dieta BARF ou se dá carne crua ao seu patudo de vez em quando, siga os seguintes passos:

  • Congele a carne crua a pelo menos 21 graus negativos antes de a dar ao seu patudo.
  • Em alternativa aqueça a carne a pelo menos 50 graus por cerca de 20 minutos
  • Nunca dê ao seu patudo restos de carne crua do talho.

Tenha sempre cuidado com fezes de gatos, pois os occistos sobrevivem no meio ambiente entre 18 meses até anos. Assim, limpe periodicamente o seu quintal ou jardim de fezes de gatos. Se tiver gatos em casa limpe a caixa de areia regularmente e de preferência use luvas descartáveis para essa tarefa. Dessa forma evita infetar-se com toxoplasmose.


Franziska G., Veterinária
Profilbild von Tierärztin Franziska Gütgeman mit Hund

Estudei medicina veterinária na Universidade Justus-Liebig em Gießen, onde pude ganhar alguma experiência em vários campos, como medicina para pequenos e grandes animais, medicina exótica, farmacologia, patologia e higiene alimentar. Desde então, não trabalhei apenas como autora veterinária. Também trabalhei na minha tese, que foi influenciada cientificamente. O meu objetivo é proteger melhor os animais contra patógenos bacterianos no futuro. Além do meu conhecimento, partilho as minhas próprias experiências como dono de um cão e, assim, consigo entender e dissipar medos e problemas, bem como outras questões de saúde animal.


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