Calicivírus em gatos 
© farbkombinat / stock.adobe.com
O calicivírus em gatos causa rinotraqueíte felina que pode ser identificada, entre outras coisas, por descargas oculares intensas.
O calicivírus nos gatos está muito disseminado e representa um perigo para a saúde, especialmente em lares com vários gatos. Explicamos porque é que o calicivírus nos gatos é tão perigoso e como ajudar um gato infetado.
Sumário
- Calicivírus em gatos: é muito perigoso?
- Sintomas do calicivírus em gatos
- Diagnóstico: como é detetada a infeção por calicivírus em gatos?
- Tratamento: o que fazer se o meu gato tiver calicivírus?
- Causas: como é que os gatos são infetados?
- Prognóstico: pode um gato com calicivírus sobreviver?
- Prevenção: como proteger o seu gato do calicivírus
Calicivírus em gatos: é muito perigoso?
O calicivírus felino (FCV) é um vírus ARN de cadeia simples sem envelope viral. É capaz de se adaptar através de mutações espontâneas. Portanto, existem numerosas variantes virais com virulência variável (capacidade de infetar um agente patogénico).
Os calicivírus desempenham um papel importante na ocorrência da gripe felina. Consequentemente, podem causar problemas de saúde, tais como problemas respiratórios.
Se as estirpes envolvidas forem muito agressivas, o calicivírus nos gatos pode mesmo ser fatal. Por isso, deve levar o seu gato ao veterinário se suspeitar que ele foi infetado com o vírus.
Quais são os gatos mais propensos?
As infeções por FCV ocorrem frequentemente quando vários gatos vivem juntos. Este é particularmente o caso dos abrigos ou canis para animais.
De acordo com um estudo, quase metade dos gatos das famílias alemãs estão infetados com o calicivírus. No entanto, nem todos os animais infetados apresentam sintomas.
Importante: É raro que um gato de exterior seja contagiado por outro gato de exterior, mas é possível.
É contagioso para as pessoas?
Os calicivírus são estritamente específicos do hospedeiro. Portanto, não tenha medo de ser contagiado(a) pelo calicivírus em gatos. No entanto, é possível propagar vírus pela casa, pelo que é importante prestar atenção à higiene doméstica.
Sintomas do calicivírus em gatos
Dois a seis dias após a infeção, surgem normalmente os primeiros sintomas. Estes dependem de vários factores:
- Da virulência, ou seja, da força infeciosa da estirpe
- Das caraterísticas individuais do gato, como o estado imunitário
Quais os sintomas típicos do calicivírus nos gatos»
Enquanto alguns gatos não apresentam sintomas, outros desenvolvem quadros graves da doença. Os sintomas mais comuns são:
- Falta de apetite
- Febre
- Fadiga
- Espirros e tosse
- Secreção ocular e nasal purulenta ou serosa
- Pústulas e úlceras inflamadas na boca, por exemplo, na base da língua
Se o vírus se espalhar para outras partes do corpo através do sangue, podem surgir outras doenças. Estas podem incluir problemas gastrointestinais, tais como vómitos e diarreia.
Além disso, os gatos podem sofrer de problemas articulares, que, em casos graves, podem levar à claudicação.
Calicivirose sistémica virulenta felina
Uma forma muito grave de infeção por calicivírus nos gatos é a calicivirose sistémica virulenta felina. Esta doença resulta de estirpes altamente virulentas do vírus. De facto, a taxa de mortalidade desta variante infecciosa chega a atingir os oitenta por cento. Mesmo a vacina não protege eficazmente contra esta forma.
Durante quanto tempo é que o gato é contagioso?
O maior problema da infeção por calicivírus nos gatos é o facto de alguns gatos não apresentarem sintomas. Portanto, são portadores assintomáticos.
Gatos infetados sem que a doença tenha sido detetada podem propagar o vírus durante meses ou anos através das secreções, especialmente as oculares e salivares. Em alguns casos, fala-se de segregação viral para toda a vida.
Quando tenho de levar o meu gato ao veterinário?
Se o seu gato parecer fraco ou apresentar algum dos sintomas acima referidos, deve levá-lo ao veterinário por precaução. Quanto mais cedo ele for visto por um especialista, mais cedo o poderá ajudar e proteger os outros gatos da casa.
© Elnur / stock.adobe.com
Diagnóstico: como é detetada a infeção por calicivírus em gatos?
Como o quadro clínico não é homogéneo, os veterinários nem sempre identificam imediatamente a presença da infeção por calicivírus.
O diagnóstico pode, por isso, ser demorado e exigir exames específicos. Em geral, o veterinário recolhe amostras de esfregaços de secreções oculares e nasais e envia-as para o laboratório.
Teste RT-PCR
A PCR em tempo real (RT-PCR) é um procedimento de biologia molecular para a deteção de vírus. No entanto, como muitos gatos são portadores assintomáticos, um resultado positivo não é uma explicação para os sintomas.
Adicionalmente, o teste não é útil se o gato tiver sido vacinado contra o calicivírus, porque o resultado seria positivo.
Exclusão de outros agentes patogénicos
Como no complexo da gripe felina existe frequentemente uma infeção mista com outros agentes patogénicos, estes parâmetros devem também ser estudados.
Para excluir outras doenças, os veterinários realizam frequentemente uma análise de sangue adicional como parte do diagnóstico.
Tratamento: o que fazer se o meu gato tiver calicivírus?
Não existe atualmente qualquer antiviral contra o calicivírus nos gatos. Por conseguinte, o que se faz é tratar os sintomas. O tratamento específico de que o gato necessita dependerá da gravidade da doença.
Medicamentos para aliviar os sintomas
Em geral, o tratamento medicamentoso é administrado com os seguintes medicamentos:
- Pomadas oculares
- Anti-inflamatórios
- Lavagens nasais com solução salina fisiológica
- Se necessário, antibióticos e medicamentos imunomoduladores
Podem também ser necessárias outras terapias, como a inalação ou a perfusão.
Causas: como é que os gatos são infetados?
O contacto direto com gatos infetados é a causa mais comum de infeção pelo calicivírus felino. Também é possível que o gato seja infetado ao respirar aerossóis.
Se o vírus chegar ao nariz, acumula-se no trato respiratório superior e nas amígdalas após alguns dias. Quando o vírus se propaga pelo corpo através do sangue, denomina-se viremia.
Quanto tempo é que os calicivírus sobrevivem?
O calicivírus nos gatos é muito resistente e não pode ser inativado por soluções orgânicas. À temperatura ambiente normal e em ambientes secos, pode sobreviver durante cerca de dez dias.
Prognóstico: pode um gato com calicivírus sobreviver?
Uma infeção por calicivírus em gatos nem sempre causa sintomas. Se estes aparecerem, não significa necessariamente que o gato não sobreviverá à infeção. De facto, são muito raros os casos graves com um resultado letal.
A melhoria é geralmente observada após uma fase de expulsão de alguns meses. Em qualquer caso, o gato deve receber cuidados veterinários.
Um gato com calicivírus pode viver com outros gatos?
Se vários gatos viverem juntos, a probabilidade de se infetarem uns aos outros é elevada. Portanto, é importante isolar o gato doente até novas instruções do veterinário.
Prevenção: como proteger o seu gato do calicivírus
Se tiver vários gatos, é importante que tome medidas para evitar a infeção pelo calicivírus. Para o fazer, tenha em atenção o seguinte:
- Medidas de higiene: como os vírus sobrevivem no ambiente durante muito tempo e são resistentes a determinados desinfetantes, é importante uma higiene adequada.
- Vacinação: peça informações ao seu veterinário sobre vacinas desde o início. Estas medidas ajudarão o gatinho a evitar uma evolução grave da doença.
Lave frequentemente as mãos quando fizer festas aos seus gatos. Se um deles tiver calicivírus, dê-lhe um comedouro e um bebedouro separados.
Com medidas preventivas e a ajuda do seu veterinário, é possível manter o calicivírus nos gatos sob controlo.
Talvez também lhe interessem os seguintes artigos:
Fontes:
- Mayr A. (2007): Infektionen und Krankheiten durch Caliciviren. In: Medizinische Mikrobiologie, Infektions- und Seuchenlehre, Georg Thieme Verlag KG, Stuttgart
- stiko-vet.fli.de
- kleintierpraxis-wandsbek.de
- tierarzt-dumhart.at
- flexikon.doccheck.com
Estudei medicina veterinária na Universidade Justus-Liebig em Gießen, onde pude ganhar alguma experiência em vários campos, como medicina para pequenos e grandes animais, medicina exótica, farmacologia, patologia e higiene alimentar. Desde então, não trabalhei apenas como autora veterinária. Também trabalhei na minha tese, que foi influenciada cientificamente. O meu objetivo é proteger melhor os animais contra patógenos bacterianos no futuro. Além do meu conhecimento, partilho as minhas próprias experiências como dono de um cão e, assim, consigo entender e dissipar medos e problemas, bem como outras questões de saúde animal.
