Raiva nos gatos
© Maria Sbytova / stock.adobe.com
A raiva é uma doença infeciosa aguda causada pelo vírus da raiva, do género Lyssavirus. Além dos gatos, também os cães, vacas, porcos ou galinhas podem ser infetados. Esta doença é também uma zoonose, o que significa que os seres humanos também podem apanhar raiva. O nome do vírus da raiva tem origem na palavra grega lyssa que significa loucura ou raiva irracional. Também o nome da doença em português reflete os sintomas da raiva, como surgimento de comportamentos inesperados ou agressivos. Dada a enorme gravidade desta doença, os casos de raiva nos gatos detetados têm que ser obrigatoriamente notificados às autoridades.
Sumário
Transmissão e sintomas da raiva nos gatos
O vírus da raiva pertence à família Rhabdoviridae. No mundo existem 11 variantes deste vírus e duas são especialmente significativas para os gatos:
- A raiva divide-se em duas formas principais: a raiva silvática e raiva urbana. A primeira forma tem como principal reservatório espécies silvestres, como por exemplo as raposas e os texugos. Esta forma é mais frequente na Europa e nos Estados Unidos. Por outro lado, a raiva urbana é mais comum em África e na Ásia e os principais hospedeiros são os gatos, cães e pessoas.
- Os lyssavirus tipo 1 e 2 (EBLV-1 e EBLV-2) têm origem em morcegos europeus. No entanto, os gatos e outros mamíferos raramente são infetados.
A principal via de transmissão da raiva são mordidas de animais infetados. A saliva destes animais apresenta uma alta concentração do vírus que entra no corpo do outro animal através da ferida provocada pela mordedura. No entanto, o vírus também pode infetar um animal através de feridas já existentes.
Quando o vírus da raiva entra em contato com o gato começa por atacar as células musculares próximas da ferida. No entanto, como este vírus tem uma grande afinidade com o tecido nervoso ele rapidamente viaja pelo corpo até atingir o sistema nervoso central e a medula espinhal. Por fim multiplica-se no cérebro. A partir daí o vírus dissemina-se ao longo de outros nervos atingindo as glândulas salivares, os olhos e a pele.
Quais os sintomas da raiva nos gatos?
Quanto mais perto a ferida estiver do sistema nervoso central mais rapidamente o vírus atinge e infeta o tecido nervoso. Assim, o tempo médio para o surgimento de sintomas varia entre 2 semanas e 2 meses após a mordedura por um animal infetado.
Visto que o vírus da raiva se desloca ao longo das estruturas nervosas, esta doença apresenta 3 fases de desenvolvimento nos gatos com as seguintes características:
- Período prodromal (2-5 dias): os gatos lambem e coçam a ferida. Além disso, apresentam vómitos, irritabilidade e apresentam claros sinais de estarem assustados.
- Período de excitação (2-7 dias): os gatos apresentam espasmos musculares generalizados e convulsões. Além disso, há um claro aumento da salivação. Como o gato sente uma enorme inquietação que se pode traduzir em acessos de fúria, a propensão a morder aumenta. Assim, o perigo de infetar outros animais ou pessoas é muito grande nesta fase. Caso o gato não apresente estes comportamentos os veterinários consideram que o gato tem uma forma muda de raiva.
- Fase da depressão: (3-4 dias): os gatos perdem gradualmente a capacidade de se mexerem em consequência da degeneração da medula. Por vezes, a paralisia muscular atinge o coração ou sistema respiratório, o que resulta na morte imediata.
Como se faz o diagnóstico da raiva nos gatos?
Em primeiro lugar é importante sublinhar que alterações repentinas de comportamento não são sinais de raiva. Outras doenças infeciosas, como por exemplo a toxoplasmose ou a esgana, também podem alterar o comportamento dos gatos. Nestes casos, o veterinário também verifica se o gato não tem dores fortes ou se não sofreu algum trauma que altere o tecido nervoso, por exemplo se não tem uma hérnia discal. Por fim, o veterinário recolhe informações para aferir o grau de stress a que o pequeno felino está submetido.
No entanto, se o gato não foi vacinado contra a raiva, esta doença não pode ser descartada. Assim, em caso de suspeita é necessário adotar todas as medidas de saúde previstas, como por exemplo, colocar o gato em quarentena.
O passo seguinte é então recolher informação detalhada sobre o estado de saúde, hábitos e comportamentos do gato junto dos donos. Se o veterinário considerar que a probabilidade de o gato ter raiva é elevada, deve fazer as análises necessárias de imediato. É de sublinhar que o diagnóstico da raiva é um processo complexo nos gatos vivos. Regra geral o diagnóstico só é totalmente confirmado por meio de uma autópsia.
Os métodos mais comuns para diagnosticar a raiva nos gatos são:
- Biopsia ao tecido cerebral a microscópio. Neste procedimento o veterinário verifica se os corpúsculos de Negri estão presentes. Sabe-se que o vírus da raiva se agrupa em formações, que são os chamados corpúsculos de Negri.
- Teste de imunofluorescência, que vai detetar os antigenes do vírus.
- Métodos biológicos, como por exemplo os testes PCR, são utilizados para fazer a deteção direta do vírus.
Tratamento e prognóstico
Visto que a raiva é uma doença fatal nos gatos e em outros animais não existe tratamento. Assim, de acordo com a legislação em vigor, os gatos com raiva devem ser abatidos. Deste modo o gato sofre menos e impede-se que ele transmita a doença a outros animais.
Como evitar que o meu gato apanhe raiva?
Ao contrário do que acontece com os cães, a vacina da raiva não é obrigatória para os gatos. No entanto, os veterinários defendem que especialmente os gatos que saem sozinhos em zonas de floresta devem ser vacinados. Os gatos podem apanhar a vacina antirrábica a partir dos 3/4 meses de idade. No entanto, devem ser vacinados novamente a cada 2 ou 3 anos. Por fim, não deve deixar que o seu gato entre em contato com animais selvagens.