Osga-comum

Osga-comum sobre areia

Tarentola mauritanica

A osga-comum é uma espécie trepadora por natureza que encontra facilmente em todo o território de Portugal continental e na Madeira. Graças às lamelas adesivas revestidas de pelos microscópicos existentes no lado interno dos seus dedos, esta espécie de répteis consegue facilmente subir paredes, janelas de vidro ou andar no teto. Descubra neste artigo várias curiosidades a osga-comum e também como a manter feliz num terrário.

Classificação da osga-comum

Contrariamente à maioria das osgas que pertencem à família Gekkonidae, a osga comum (Tarentola mauritanica) pertence à família Phyllodactylidae, ordem Squamata. Naturalmente, a osga-comum, também conhecida como osga-moura, pertence à classe dos répteis.

Habitat

Quem vive ou já esteve em países mediterrâneos já viu estes pequenos répteis inúmeras vezes, quer na natureza quer em zonas urbanas. O que é absolutamente natural, pois as osgas-comuns são originárias da zona do Mediterrâneo. Assim, é fácil ver a Tarentola mauritanica não só em Portugal, como também em Espanha, França, Itália, Malta, Croácia e em alguns países do Norte de África como por exemplo Marrocos, Egito ou Tunísia. Territórios insulares de alguns destes países como a Madeira, as Ilhas Baleares, Córsega ou a Sardenha também têm populações consideráveis destes répteis. Na Grécia, a osga-comum só se encontra no Peloponeso e na ilha de Creta. Pensa-se que este pequeno réptil viajou clandestinamente em navios que faziam trocas comerciais entre os países do Mediterrâneo e assim se espalharam por esta zona.

A osga-comum vive tanto em zonas rurais como urbanas. No exterior, encontra estes répteis por exemplo em locais rochosos, muros, trocos de árvore, terrenos agrícolas ou junto a locais com iluminação artificial. No entanto, é muito comum encontrá-los também dentro de casa, especialmente em zonas mais rurais.

Aspeto da osga-comum

A osga-comum é das maiores osgas da Europa podendo alcançar até 19 centímetros de comprimento. O corpo da Tarentola mauritanica é robusto, largo e achatado coberto por tubérculos escamosos que vão desde a cabeça até à cauda dando-lhe um aspeto rugoso. A coloração destes répteis é variada e ajusta-se ao meio ambiente. Assim, encontra osgas-comuns com cores que variam entre o pardo, acinzentado, amarelado, acastanhado e mesmo esbranquiçado. A zona ventral é sempre mais clara do que a dorsal.

Os olhos da osga-comum são grandes e redondos com a iris dourada e as pupilas verticais. Esta forma de pupila tem como objetivo proteger a osga da luz intensa durante o dia, pois estes animais são especialmente ativos durante a noite e ao anoitecer. A constituição dos olhos permite que estes animais consigam reconhecer as formas no escuro.

As patas são curtas, mas robustas e possuem 5 dedos livres. No entanto, a osga-comum só apresenta unhas bem desenvolvidas no terceiro e quarto dedo. Além disso, os dedos destes répteis são achatados com almofadilhas adesivas nas extremidades, permitindo-lhes trepar mesmo superfícies muito lisas.

Diferenças entre fêmeas e machos

Os machos e fêmeas de Tarentola mauritanica são praticamente idênticos, o que dificulta a identificação do sexo. No entanto, os machos são geralmente maiores e têm a cabeça mais larga. Além disso, as fêmeas apresentam unhas retráteis no primeiro, segundo e quinto dedos.

A osga-comum atinge a maturidade sexual por volta dos 3 anos de idade. Nessa altura formam-se duas aberturas abaixo da cloaca dos machos que não são tão pronunciadas nas fêmeas.

Comportamentos da Tarentola mauritanica

A osga-comum é um reptil crepuscular ou noturno. As suas atividades durante o dia são apenas pontuais. Assim, na natureza estes animais passam a maior parte do dia no seu esconderijo, protegido do calor. No entanto, é comum observar osgas-comuns a apanhar sol durante a manhã. A partir do momento em que o sol se começa a pôr, a Tarentola mauritanica começa a procurar comida, especialmente insetos e aracnídeos. Por isso, é comum encontrar osgas-comuns junto a fontes de luz artificial à noite, onde caçam facilmente os insetos atraídos pela luz. O comportamento de caça da osga-comum consiste em arrastar-se lentamente até à presa e depois apanhá-la com um salto repentino.

A osga-comum produz diversos sons e tem uma voz poderosa. Os sons que emite servem para comunicar com outras osgas, mas também para assustar possíveis predadores. Durante a época de acasalamento, a comunicação entre estes animais tem um caráter especial, ou seja, os machos emitem gritos curtos e rosnados repetidos consecutivamente até 11 vezes. Já as fêmeas respondem com um único grito.

Quando se sentem em perigo, as osgas-comuns libertam a cauda que volta a crescer em pouco tempo. A nova cauda costuma ser mais curta, mas também mais volumosa do que a original. A cor das caudas regeneradas das subespécies Tarentola mauritanica mauritanica e Tarentola mauritanica juliae vão de cinzento a preto. A cor da cauda regenerada da Tarentola mauritanica pallida é o amarelo.

Reprodução da osga-comum

As fêmeas de Tarentola mauritanica põem ovos entre 4 a 6 vezes por ano, dois de cada vez. Os ovos, de casca dura, medem entre 11 a 12 centímetros de comprimento e 9 a 10 de largura. Em terrários, os ovos eclodem entre 70 a 75 dias se a temperatura estiver entre os 27 e os 30 graus. As osgas-comuns recém-nascidas medem 2 a 3 centímetros de comprimento e pesam entre 26 e 46 miligramas.

A esperança de vida das osgas-comuns em terrário é de cerca de 12 anos.

Cuidados a ter com a osga-comum

É muito simples cuidar de uma Tarentola mauritanica no terrário, já que estes répteis não são exigentes. Assim, para criar um terrário que corresponde às necessidades da sua osga-comum precisa de ter em consideração apenas o tamanho do terrário, a temperatura, a luz e humidade.

Características dos terrários

Como as osgas são animais trepadores por natureza, o terrário deve ser o mais alto possível. Além disso, deve ter também ramos e raízes grossas para trepar. Em termos de localização, coloque o terrário num sítio que não apanhe luz solar direta durante todo o dia. Lembre-se que estes répteis gostam particularmente de aproveitar o sol da manhã. Além disso, não se esqueça de colocar também no terrário acessórios onde a sua osga se possa esconder.

Para evitar lutas territoriais no seu terrário, tenha um casal de osgas-comum ou um macho com várias fêmeas. Para um casal de Tarentola mauritanica adulto, o terrário deve ter o tamanho mínimo de: 100 cm x 50 cm x 70 cm.

Outro acessório importante para o terrário é uma lâmpada com temporizador que simule o ritmo dia/noite, com cerca de 12 horas cada. A intensidade da luz não é determinante, no entanto durante as 12 horas de noite a luz deve ser muito fraca. Estes répteis noturnos gostam da penumbra para caçar mariposas e outros insetos.

A temperatura base ideal para a Tarentola mauritanica varia entre os 25 e 30 graus durante o dia e cerca de 20 graus à noite. No entanto, visto que as osgas-comuns são animais de sangue-frio elas não conseguem manter a temperatura corporal estável e precisam de calor para se aquecer. Assim, o terrário deve ter uma zona mais quente, com cerca de 35 graus. Por fim, a humidade dentro do terrário deve ser de 50 a 60%, que consegue manter pulverizando as plantas e acessórios com água diariamente.

Hibernação das osgas-comuns em terrário

Durante o inverno, as osgas-comuns entram em hibernação. Geralmente a hibernação dura cerca de 3 meses, correspondendo aos meses mais frios. Este período é essencial para o bem estar físico das osgas-comuns e também necessário para a reprodução.

Assim, para proporcionar no terrário condições semelhantes ao que a Tarentola mauritanica experiencia em estado selvagem, comece a reduzir a temperatura do terrário lentamente, mantendo-a entre os 15 e os 18 graus durante a hibernação. Faça o mesmo em relação à iluminação do terrário. Além disso, não alimente as suas osgas-comuns durante a hibernação, mas tenha sempre água fresca à disposição. Cerca de duas semanas antes do fim do período de hibernação aumente gradualmente a temperatura e luminosidade dentro do terrário.

Montar um terrário adequado para a osga-comum

Ao montar o terrário para a sua osga-comum, comece por pensar no seu habitat e comportamentos naturais. Nesse sentido, coloque no terrário pedras, ramos e cascalho de forma às osgas terem diversos locais para se esconderem, mas também para se moverem. Visto que as osgas-comuns são trepadoras natos, revista as paredes do terrário com painéis de cortiça ou com imitações de rocha à base de resina artificial. Para cobrir o fundo do terrário use areia ou pequenas pedrinhas. Por fim, coloque algumas plantas no terrário, como por exemplo suculentas ou gramíneas.

Mantenha o terrário limpo

Para limpar o terrário da sua osga-comum use apenas água quente. Detergentes estão fora de questão. Em termos de frequência, retire todas as semanas fezes e restos de pele do terrário. Para este efeito pode usar por exemplo uma pinça. O terrário em si deve se limpo regularmente. Por fim, só precisa mudar a areia ou pedrinhas do chão anualmente.

Bilhete de identidade da osga-comum

  • Vive melhor com companheiro: tenha pelo menos um par de osgas-comuns
  • Tamanho do terrário para um par: 100 cm x 50 cm x 70 cm (largura, comprimento, altura)
  • Local para o terrário: sem exposição direta ao sol o dia todo
  • Temperatura: entre 25 a 30 °C e 20 °C (dia, noite)
  • Iluminação com temporizador: 12 horas de dia e 12 de noite
  • Humidade: 50 a 60%
  • Cobertura do piso: areia ou cascalho
  • Decoração: ramos e hastes para trepar
  • Plantas: suculentas e ervas tipo relva
  • Limpeza: apenas com água quente

O que come a osga-comum?

A osga-comum alimenta-se de insetos vivos, como grilos, besouros ou aranhas. Escolha sempre comida de elevada qualidade para a sua Tarentola mauritanica e garanta também uma dieta variada. Dê comida às suas osgas-comuns adultas a cada 2 ou 3 dias, mas alimente os jovens diariamente. Verifique que as suas osgas-comuns não ingerem comida em excesso e tenha sempre uma tijela com água fresca no terrário.

Outras informações:

https://www.viva.fct.unl.pt/repteis/tarentola-mauritanica

https://www.museubiodiversidade.uevora.pt/elenco-de-especies/biodiversidade-actual/repteis/tarentola-mauritanica/

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