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O comércio ilegal de cachorros está a crescer – e não apenas devido aos supostos preços baixos.
Comprar cachorros adoráveis de forma rápida, barata e fácil com um simples clique: é assim que o comércio ilegal de cachorros atrai quem adora os animais. Explicamos como funciona este negócio terrível e como detetar vendedores suspeitos. Como em tudo na vida, na venda ilegal de cachorros, a procura regula a oferta.
A venda ilegal de cachorros designa o comércio profissional de cães jovens. Ao contrário dos criadores credíveis, a única coisa que interessa a estes vendedores é o lucro.
Muitos dos cachorros à venda são provenientes de países da Europa de Leste. Nascem em fábricas de cães ou numa rede de supostos criadores. Estes criam a oferta de cães em função da procura de outros países.
O golden retriever e o bulldog francês são muito procurados? Sem problema. Os vendedores podem enviar dezenas num curto espaço de tempo. Os cachorros são separados da mãe prematuramente e transportados através das fronteiras nacionais.
A venda ilegal de cachorros viola um ou mais dos pontos seguintes, mas geralmente vários:
As sanções para a venda ilegal de cachorros variam de país para país, mas são geralmente sanções financeiras. A nova lei espanhola sobre o bem-estar dos animais considera como infrações muito graves a criação, o comércio e a exposição de animais para fins comerciais por pessoas não autorizadas. As coimas podem ir de 50 001 aos 200 000 euros.
O comércio ilegal de animais é um negócio internacional para vendedores sem escrúpulos. Mais de 46 000 animais por mês são vítimas da venda ilegal de cachorros na Europa. Além disso, o número de casos desconhecidos é elevado. A polícia impede regularmente o transporte ilegal de cães e gatos. No entanto, os pais e os irmãos que são deixados para trás não são contabilizados.
Existem muitas fábricas de produção de cachorros na Hungria, Eslováquia, Sérvia, República Checa e Polónia. Aqui foram criadas redes de vendedores que oferecem o fornecimento contínuo de cachorros.
A maior parte dos cachorros acaba na Alemanha e em Itália. No entanto, há também muitos compradores na Noruega, França, Áustria, Espanha e Bélgica. O que muitos não sabem é que os denominados vendedores regionais são apenas intermediários dos produtores da Europa de Leste. A maioria das vendas é efetuada através de portais na Internet.
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A maior montra de cachorros no comércio ilegal são os portais de publicidade na Internet. Segundo a organização Four Paws, cerca de 2,4 milhões de cães são vendidos através destes portais na UE.
A maioria dos cachorros apresentados nestas plataformas é proveniente da Europa de Leste. Em alguns países da UE estão a ser estudadas condições mais rigorosas para a venda de animais na Internet. Um exemplo é a França. Neste caso, a alteração da legislação estipulou que, a partir de 2024, apenas os criadores profissionais e as organizações de proteção dos animais reconhecidas poderiam oferecer animais online.
Aliás, quando as fronteiras foram encerradas durante a pandemia do coronavírus em 2020, a Four Paws registou um declínio acentuado na oferta de cães. Por exemplo, na Alemanha, menos dois terços dos cachorros foram anunciados na Internet.
Para ilustrar este ponto, eis um caso prático. A veterinária Anja Oberhausen, de Trier, na Alemanha, ficou chocada. Em poucos dias, conheceu dois cachorros de bichon maltês com certificados de vacinação da República Checa. Em ambos os casos, os certificados estavam em branco. Isto também não era invulgar, pois tratavam-se de animais ainda demasiado jovens para a vacinação antirrábica, que é obrigatória para atravessar as fronteiras.
Anja telefonou para o Serviço Veterinário, que conseguiu confiscar mais cinco cachorros ao intermediário que vivia na Alemanha. Como não tinha licença para comercializar animais e as vacinas estavam em falta, teve de pagar uma coima e também as despesas de tratamento dos cachorros confiscados na associação.
Os cachorros eram provenientes de um veterinário checo que tinha violado várias vezes as leis relativas ao bem-estar dos animais. Felizmente, os cachorros não tinham doenças agudas.
Por que motivo é que as vendas de animais de estimação dispararam durante a pandemia do coronavírus? Muitas pessoas decidiram adotar um animal durante a pandemia. Só na Alemanha, em 2020, havia mais um milhão de animais de estimação (incluindo gatos, coelhos, etc.) do que no ano anterior.
Este facto levou a um aumento dramático da procura que os criadores credíveis não conseguiram satisfazer. E mesmo que haja mais interessados, não podem produzir mais cães. Afinal de contas, a saúde da cadela e a fase de impressão dos cachorros são da máxima prioridade.
No entanto, muitas pessoas não quiseram esperar e tentaram a sua sorte com os anúncios suspeitos. Alguns foram atraídos pelos preços baixos dos denominados cães de raça. No entanto, os preços estão constantemente a aumentar.
“As pessoas pagam uma fortuna por um animal”, explica Anja Oberhausen. “A etiqueta “Proteção dos animais provenientes do estrangeiro” tornou-se um negócio lucrativo para os vendedores desonestos. A pandemia do coronavírus agravou muitos problemas relacionados com a venda de cães e gatos”.
Como é que se pode evitar esta situação cruel? A solução parece fácil: se não há compradores, não existe venda ilegal de cachorros. É por isso que é tão importante não comprar cães a vendedores de reputação duvidosa.
O nome diz tudo. Venda de cachorros significa que os cachorros se transformam numa mercadoria. O facto de os cães encontrarem ou não um bom lar não interessa aos vendedores irresponsáveis. Só se preocupam em investir o mínimo de tempo e dinheiro para aumentar o lucro.
Isto implica: pais económicos raramente submetidos a exames médicos. Alimentação com a comida mais barata ou com sobras. Nenhum investimento em veterinário. Tempo para habituar cuidadosamente os cachorros a viver com pessoas? De modo algum!
Os cachorros não crescem num ambiente carinhoso em casa, mas normalmente em quintais em gaiolas sujas. A mãe passa a maior parte da sua vida aqui.
Apaixonou-se por uma raça em particular, como o cocker spaniel inglês? Nesse caso, nunca se deve comprar um cachorro sem a documentação da FCI. Criar cães de raça pura não significa apenas acasalar dois cães que se parecem com um cocker spaniel.
Os criadores responsáveis submetem os pais a exames cardíacos e renais para prevenir doenças hereditárias. Apenas os espécimes muito característicos são escolhidos para reprodução. Isto aplica-se tanto à aparência de acordo com o padrão como ao carácter do cão, que é frequentemente subestimado.
Tudo isto e muito mais é o que constitui um cão de raça. Se comprar um cão de raça no comércio ilegal de cachorros, pode receber publicidade enganosa.
Os criadores credíveis utilizam apenas animais sem doenças hereditárias para otimizar a saúde da raça. Estes exames não são efetuados na venda ilegal de cachorros.
Além disso, os pais vivem muitas vezes em condições deploráveis. Estão exaustos, fechados em gaiolas e privados de afeto humano. As fêmeas acasalam nos intervalos mais curtos possíveis, o que as enfraquece.
Se as máquinas de parir ou os machos ficarem doentes, são abandonados como lixo. Todos os cães comprados no comércio ilegal de cachorros contribuem para o sofrimento destes cães.
A venda ilegal de cachorros não está só repleta de doenças hereditárias, como a luxação da rótula ou a epilepsia. São também frequentemente observadas infeções graves.
Faltam frequentemente vacinas importantes e, além disso, muitos animais têm vermes ou parasitas que são difíceis de eliminar, como a giardíase. Além disso, muitos cachorros morrem durante o transporte devido à desidratação.
Se comprar um cachorro a um vendedor duvidoso, é provável que acabe por gastar muito mais do que o seu valor em custos veterinários.
Os criadores sérios separam os cachorros da mãe com um mínimo de nove semanas de idade. Isto não tem apenas a ver com as vacinas que devem ser administradas até lá.
Na realidade, a mãe ensina muitas coisas aos seus cachorros nas primeiras semanas de vida. Os cachorros da venda ilegal estão a perder isto. Mais tarde, é muito difícil recuperar a impressão e a socialização.
O resultado são cães com medo, tímidos, facilmente irritáveis ou mesmo agressivos. Esta situação sobrecarrega muitas pessoas, que acabam por dar o animal para adoção a uma associação.
Tudo o que o vendedor não quis investir (tempo, dinheiro e amor) deve ser pago a dobrar ou a triplicar pelo comprador de um cão vendido ilegalmente.
No final, apenas o vendedor sai a ganhar. Embora venda os cachorros por um preço supostamente baixo, obtém um grande lucro. Vender vinte cães pode render uma média de 15 000 euros. Apenas uma pequena fração desta quantidade chega às suas unidades de produção.
Por conseguinte, é essencial provar a identidade da pessoa de contacto do estrangeiro através de um documento de identificação. “Quando há problemas, noventa por cento dos vendedores desaparecem e não há forma de os contactar”, diz Anja Oberhausen. “Os novos cuidadores são deixados por sua conta e enfrentam custos elevados”.
Antes de comprar um cachorro, pense: por muito tentadores que sejam alguns anúncios, compre apenas a um criador sério ou associação reconhecida.
Não se deixe seduzir por pena. Cada mercadoria comprada confirma a procura da venda ilegal de cachorros. Com criadores sérios, pode ter de esperar muito tempo para obter o cachorro, mas vale a pena.
Prepare-se bem antes de conhecer o criador, por exemplo, com as nossas doze perguntas.
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As associações de proteção dos animais também têm cachorros ou cães jovens para adoção. Assim, basta recorrer a organizações sem fins lucrativos que forneçam aos seus animais registos de vacinação e exames médicos. O transporte no interior da UE deve ser sempre realizado com um documento TRACES.
Além disso, os cães provenientes do estrangeiro devem cumprir sempre estes requisitos:
Assim que tiver o cachorro, leve-o imediatamente ao veterinário para verificar se os documentos correspondem ao chip. Para além disso, o veterinário poderá calcular a idade pelos dentes.
Fontes:
